domingo, 12 de setembro de 2010

BREVE ANÁLISE DA FINALIDADE DAS PRAGAS DO EGITO


BREVE ANÁLISE DA FINALIDADE
DAS PRAGAS DO EGITO

Jefferson Silva Souza*


O
 Povo de Israel, Nação eleita de Deus, gemia em agonizante tormenta na terra do Egito! Quatrocentos anos aproximadamente se passaram após a sua chegada na terra longínqua e mui rica (Egito). Várias gerações haviam se passado e o rei do Egito, juntamente com os seus conselheiros, chegaram à conclusão de que os israelitas cresciam rapidamente em cultura, técnicas e quantidade. Estes foram alguns dos motivos de preocupação dos líderes egípcios. Por ser uma terra muito cobiçada por nações vizinhas, a possibilidade de uma futura união dos israelitas com nações inimigas - tendo por finalidade conquistarem definitivamente o Egito – não era descartada.
Muitas alternativas foram estudadas e algumas colocadas em prática, porém sem êxito. Com a falta de opções para reduzir a prosperidade dos israelitas tornou-se oficial, a mando do rei egípcio, a utilização de mão-de-obra forçada por parte dos israelitas. Começa então o maior drama, até então, vivido pelo Povo de Israel!
No Egito Antigo, os reis eram dotados de um título chamado: “FARAÓ”. Este título lhe dava um poder absoluto e o privilégio de ser considerado um deus. Sendo assim, automaticamente ele passava a ser o sumo sacerdote de qualquer religião, seita ou deus do Egito[1]. Possivelmente o Faraó que estava no poder no período das dez pragas do Egito era Amenotepe II.[2]
Quando Moisés se apresentou a Faraó pedindo que deixasse os israelitas sacrificarem e adorarem ao Senhor no deserto, prontamente Faraó lhe respondeu: “Que é o Senhor cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel (Êx 5:2)”. Havia uma crença comum entre as pessoas daquela época, que quando uma nação perdia uma guerra e/ou era aprisionada, isso se dava em conseqüência de possuir um deus menos poderoso que o da nação vitoriosa.[3]
Após esses conhecimentos elementares da cultura e costumes do povo egípcio, torna-se fácil concluir que Faraó tinha por hábito, mandar e ordenar nos sacerdotes dos falsos deuses egípcios. A não existência desses deuses dava a Faraó uma coragem muito grande de ser superior a eles, visto que ele não tinha nenhuma punição por blasfemar aos pseudodeuses.
Um outro ponto que o “credenciava” a ser superior ao Deus todo poderoso é que já há muito tempo ele oprimia os israelitas e nada de mal lhe acontecia. O Egito tornava-se cada vez mais próspero e Deus, “se é que Ele existe”, não perderia o Seu tempo com os escravos![4] Mas o que Faraó não sabia é que ele estava lidado com o Deus vivo de Israel, o Deus criador de toda a terra e céus.
Após a dureza do coração de Faraó (Êx 5:2-11), Deus permitiu que sobreviesse ao Egito às pragas aludidas na Bíblia (Êx 7:14-25, 8, 9, 10, 11, 12 e 13).
Muitos animais, até mesmo insetos eram considerados sagrados pelos egípcios - alguns deles em todo o território do Egito, outros em regiões distintas - de forma que eles achavam um absurdo e blasfêmia o tipo de adoração dos israelitas (Êx 8:25-26). O sacrifício de animais para adorar um Deus, visto que o costume entre eles era adorar imagens e esculturas, seria um insulto aos deuses egípcios.[5] Realizar cultos sacrificando animais considerados sagrados era crime, e até mesmo matá-los por acidente, era um crime punível com morte.[6]
Deus queria mostrar aos egípcios, e em especial a Faraó, que Ele era, é e sempre será um Deus verdadeiro que tem poder sobre toda a natureza. Ele está acima de qualquer outro deus. Todos os sinais (pragas) serviram de lições aplicadas por Yahweh para demonstrar Sua onipotência e concomitantemente amor ao Seu povo.[7] Deus derrubou a teologia egípcia da seguinte forma:[8]
PRAGAS

ADVERTÊNCIAS

DIVINDADES ATACADAS
REAÇÕES
1. O Nilo torna-se
    em sangue

Êx 7:15-18

Ísis, deusa do Nilo
Recusa (7:22 e 23)
2. Rãs
Êx 8:2-6
Hequet, deusa do nascimento que tinha cabeça de rã.
Promessas falsas (8:8)
3. Piolhos
Nenhuma advertência
Set, deus do deserto
Recusa (8:19)
4. Moscas
Êx 8:20-23
Uatchit, simbolizado pela mosca
Promessas falsas de sacrifício (8:25)
5. Morte do gado
Êx 9:1-5
Hactor, deusa de cabeça de vaca; Ápis, deus-boi
Recusa (9:7)
6. Úlceras
Nenhuma advertência
Sekhmet, deusa das doenças; Sunu, deus da peste
Recusa (9:12)
7. Saraiva
Êxo 9:18-35
Nut, deus-céu;
Promessas falsas (9:28)
8. Gafanhotos
Êx 10:3-13
Osíris, deus da agricultura
Os homens podiam ir (10:11)
9. Trevas
Nenhuma advertência
, deus-sol; Nut, deus-céu
Pessoas, mas não animais, podiam ir (10:24)
10. Morte dos
      primogênitos

Êx 11:4-8

Min, deus da reprodução; Hequet, deusa do nascimento; Ísis, protetora das crianças
O Faraó pediu que o povo fosse embora (12:31-32).

A Bíblia descreve que os magos de Faraó fizeram alguns sinais, mas, observe o que declara Ellen G. White:
Os magos não fizeram realmente suas varas transformar-se em serpentes; mas, pela mágica, auxiliados pelo grande enganador, foram capazes de produzir esta aparência. Estava além do poder de Satanás transformar as varas em serpentes vivas. O príncipe do mal, possuindo embora toda a sabedoria e poder de um anjo decaído, não têm o poder de criar ou dar vida; isto é prerrogativa somente de Deus.[9]
Deus fala ao ser humano através dos Seus servos. Todas as vezes que o pecador não dá a devida atenção à Sua palavra o seu coração torna-se cada vez mais endurecido, até chegar a ponto do Espírito Santo, não mais ter como trabalhar em seu coração. A medida que o tempo vai passando e o pecado tornando-se mais predominante na vida do pecador, como no caso de Faraó, Deus “não intervém a fim de contrair a tendência de sua ação”.[10] Aquele que cede uma vez ao pecado, ser-lhe-á mais fácil ceder uma segunda, terceira e mais vezes.[11]


*Jefferson S. Souza cursa o 1.º ano teológico no Seminário Latino-Americano de Teologia – IAENE.
[1]Bíblia de estudo indutivo (São Paulo: Editora Vida, 1997), 86.
[2]Ibid., 92.
[3]“Quién es Jehová ?” [Gn 5:2], Comentário bíblico Adventista del Septimo Día (California: Publicações Interamericanas, 1981), 1:531-532.
[4]Ibid.
[5]Ibid., 1:545.
[6]Ellen G. White, Patriarcas e profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995) 157.
[7]Russell Norman Champlin, O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo (São Paulo: Editora Candeia, 2000), 1:329.
[8]Ibid., 332.
[9]White., 155.
[10]Ibid., 158.
[11]Ibid.

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