segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Reforma Missiológica



Em 1888 em Minneápolis estávamos precisando de uma reforma teológica. A nossa abordagem era inadequada para os elevados planos que Deus tinha para este movimento. Havia problemas e Deus não abandonaria o movimento de Seu coração.[i] Ele providenciou a compreensão necessária, desatando assim as cadeias que naquele então nos seguravam em padrões de crescimento muito aquém daquilo que Deus desejava. Veja os gráficos que mostram o desatar das cadeias em 1888.
Veja como a igreja reagiu em seu ânimo para multiplicar igrejas.
Ciente do pouco tempo que resta, não há dúvida que Deus precisava intervir ali onde era necessário naquele momento da história do conflito entre o bem e o mal.
Será que há para o nosso tempo, algo que nos torne mais eficazes, assim como a incursão de Deus tornou a igreja de 1888 mais eficaz? Ou será que estamos fadados a ir diminuindo de relevância no mundo completamente desajudados? Será que precisamos de outra reforma teológica?
Não creio que uma reforma teológica seria necessária e nem relevante neste momento da história. Creio que nossa teologia está adequada e representa bem a verdade presente. Ajustes de nossa compreensão teológica para o nosso tempo, como já o temos feito regularmente através das publicações oficiais da igreja, trazem pequenos picos de ânimo localizado, mas não uma reforma vasta e profunda que redunde em um crescimento vigoroso.
Sim precisamos ler e estudar o que já temos, pois ainda hoje o povo de Deus perece por falta de conhecimento (cf. Os. 4:6).
Mais do que em qualquer época precisamos de uma reforma missiológica! Precisamos trabalhar melhor, não necessariamente mais; trabalhar de maneira mais instruída, mais ousada e corajosa.
Precisamos de iniciativas mais espontâneas, mais espaço para os obreiros e membros leigos, valorizar as iniciativas que aparecem, recrutá-las e capacitá-las.
O controle sobre cada iniciativa tem nos dado segurança e percepção daquilo que está acontecendo em cada área da obra, mas tem matado iniciativas e a criatividade espontânea.[ii]
Temos uma profunda necessidade de liderança que estabeleça visões claras e saiba como liderar o povo para experiências de sucesso (sem o vício mortificador do sucesso). Precisamos trabalhar com liberdade mais ampla na utilização de métodos, conforme se mostram necessários em cada situação específica. Precisamos trabalhar mais como igreja instruída e unida: leigos e pastores.
De nada adianta enfatizarmos mais a verdade, desenvolver sistemas que a expressem em maiores minúcias, se não estivermos dispostos a viver e proclamar o que já temos. Isto não é Adventista do Sétimo Dia (ASD)!
A igreja medieval se perdeu nos excessos da teologização. Estruturas teóricas foram desenvolvidas como um fim em si mesmo. Estes excessos e ênfases desmedidamente fora do foco da Grande Comissão levaram a desvios na conduta da igreja, que absorta em debates teológicos na idade média, deixou de evangelizar os povos que estavam prontos: o oriente médio, o norte da África e o restante do continente negro. Ficaram ali onde já havia cristãos, preferiram o conforto do conhecido do que o desafio da obediência.
Ao darem ênfase exagerada em uma área, negligenciaram a outra e deixaram um vazio que foi preenchido com o islamismo, deu espaço para a continuidade do reinado de Satanás por meio do animismo, etc… Para resolver as conseqüências da negligência anterior, a igreja medieval decidiu atacar o islamismo com armas, causando feridas e valas quase que intransponíveis até hoje. O animismo avança sem barreiras até hoje.
Sempre que negligenciamos a clara ordem de Deus trazemos conseqüências que ficam cada vez mais complexas de serem solucionadas.
Não estou aqui propondo o extremo contrário. Não estou propondo suprimir a verdade para ressaltar a proclamação. Este erro nos levaria a sucatear nossa igreja e a convidar toda espécie de desvio teológico e dissidências.
Não há sabedoria em destruir uma coisa ao exaltar a outra, a não ser que seja necessário como em 1888. A falta de conhecimento da obra libertadora mais ampla de Jesus nos impedia a avançar naquele tempo. O legalismo nos amarrava e limitava a nossa relevância no mundo e eficácia no trabalho de expandir o reino de Deus. Precisávamos de uma guinada na compreensão e exercício de nossa identidade.
Hoje precisamos mais da verdade bíblica, sólida, e vigorosa do que em qualquer tempo antes. Não podemos diluir, nem adocicar a mensagem que nos foi confiada, sob pena de sermos encontrados infiéis diante de Deus.
O legado que nos foi deixado, precisa ser conhecido e apresentado ao mundo. Não precisamos da teologia da prosperidade, não precisamos de abordagens mais festivas, mais fanáticas, mais emocionais ou mais humanistas. Precisamos da clara mensagem bíblica, mensagem profética, mensagem salvífica de um Salvador que pagou o preço para que estejamos livres e que vai em breve nos buscar.
Creio, no entanto, que está na época de darmos a ênfase correta, de desafiarmos aqueles que se chamam de adventistas para que assumam aquilo que é característico de um adventista.
Veja a proposta Adventista (ASD) equilibrada:
1. Exaltação do conhecimento da verdade em detrimento de sua proclamação. Não é adventismo por mais verdade que seja o conteúdo.
2. Exaltação da proclamação em detrimento da busca do conhecimento da verdade. Não é adventismo, pois proclamar sem conhecimento não é a nossa missão.
3. Equilíbrio sadio entre a busca do conhecimento da verdade e a sua proclamação. Este é o Adventismo desejado por Deus no tempo do fim. Para isto fomos chamados.
Adventista não é apenas aquele que tem a verdade, mas aquele que a proclama. Concordar com a verdade ainda está longe de viver a verdade. Mero assentimento mental à verdade está muito longe do plano de Deus para o povo do tempo do fim. “Ter” a verdade é algo muito relativo…
Mesmo que alguém pudesse manter todos os elementos da verdade em sua mente, ela ainda não seria verdade se não fosse vivida. Mas mesmo que a verdade fosse vivida, ela ainda não seria verdade enquanto não fosse proclamada e encontrasse outros corações.
As duas primeiras figuras acima mostram o potencial desequilíbrio entre “ter” a verdade e proclamá-la e vice e versa. Neste momento que vivemos na história da igreja a figura dois acima descreve melhor a realidade da igreja do que a primeira figura.[iii]

[i] White, Ellen G. Atos dos apóstolos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002, p. 12.
[ii] Deci, Edward. Por que fazemos o que fazemos. ????????
[iii] Estamos generalizando uma informação que é pertinente a regiões tanto na área da igreja mundial como na área de nosso país e nossa divisão. Conforme a secularização e a pós-modernização da sociedade vai avançando em certa região, conforme o conforto produzido pela prosperidade vai avançando, menor vai se tornando o zelo missionário nesta região.


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