quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Cronologia do Salmo 150


Em diversas discussões acerca da música apropriada para a adoração a Deus, notadamente aquelas que tratam do uso ou não de instrumentos de percussão no culto, surge a questão acerca do Salmo 150, o qual, aparentemente, não apenas admite, mas ordena a utilização deste instrumentos no louvor ao Senhor.

Um dos argumentos utilizados para contrapor esta questão é, entre outros, o fato de que este salmo não está tratando da adoração no templo e que, provavelmente, tenha sido escrito em um momento histórico da vida de Israel onde não havia ainda uma clara instrução divina acerca da forma apropriada para a adoração litúrgica. Este amadurecimento cúltico ocorreu primeiramente no transporte da arca para Jerusalém e depois, de forma plena, quando foram feitos os preparativos para o serviço levítico do templo a ser construído por Salomão.

Surge então a dúvida: como seria possível provar que o Salmo 150 foi escrito antes do Templo de Salomão? Esta é uma dívida recorrente, e que, aparentemente, invalida o argumento anterior.

Esta dúvida é muito pertinente. É importante ressaltar que o cerne da questão não se concentra no fato de ter sido Davi o autor do Salmo 150, já que todos os comentaristas concordam com isso, mas a época em que tal salmo fora escrito. A princípio, é impossível datar precisamente o Salmo 150; porém é possível ter uma idéia de intervalo de tempo de seu surgimento. Para chegar a essa conclusão, é necessário compreender três fatores fundamentais:

1º - O processo de transformação cultural e litúrgica

Devemos entender o processo e progresso dinâmico da transformação litúrgica pelo qual passou o povo de Israel após terem saído do Egito. Aceitando ou não, a música e a instrumentação que o povo usava no templo de Salomão não eram as mesmas utilizadas após terem saído do Egito. Durante a peregrinação eles passaram por várias reformas, e não poderia ser diferente, pois saíram do Egito com o caráter completamente corrompido, poligamia, alcoolismo, danças, eram muito comuns entre o povo. Porém, não apenas aspectos internos da vida deles sofreram transformações, mas aspectos externos também. Entre muitos aspectos estão os relacionados à liturgia. Tais transformações continuaram a acontecer mesmo dentro de Canaã. No tocante à adoração musical, o povo progressivamente foi abandonando os velhos costumes egípcios. Entre esses costumes que foram abandonados, destacamos as danças e o uso de tambores. Se lermos as histórias em suas seqüências lógicas, tendo como base a liturgia, perceberemos nitidamente tal fato (ver gráfico abaixo).



Para comprovar tais fatos, deve-se observar com atenção a sequência dos fatos  ou ler os artigos abaixo intitulados:

Música na Bíblia e a Dança – Levi de Paula Tavares

O Canto do Senhor – Vanderlei Dorneles

Uso de Bateria na Igreja – Gilberto Theiss


2º - O Salmo 150 no contexto histórico-litúrgico

Tendo visto e compreendido o gráfico acima e entendendo as diferenças entre a música, a dança e o uso de tambores pré e pós Santuário de Salomão, precisamos então tentar encaixar o Salmo 150 com algum desses períodos. Uma vez que no templo a partir de Salomão os tambores não entraram (II Crônicas 29:25 e 26), não é nem um pouco coerente tentar encaixar o salmo com o contexto pós Salomão.

Por exemplo: Imagine uma roupa com cores vermelhas e bolas e quadrados amarelos que fora descoberta numa das escavações antigas. Após a tal descoberta, o próximo desafio agora seria descobrir de que período é esta peça de roupa. Analisando todos os fatos históricos, percebe-se que em nenhum outro período era comum o uso de tais vestes com exceção do segundo século a.C.

Com tais descobertas, fica evidente que a tal peça de roupa provavelmente seja do segundo século a.C.

Da mesma forma, com base nas referências e inferências, cientificamente falando, fica evidente que Salmo 150 só se encaixaria perfeitamente com o período pré Santuário de Salomão. Pois somente antes do Santuário de Salomão é que as danças e o uso constante de tambores eram comuns. Após a intervenção de Deus através das instruções dadas ao profeta Natan e Davi, tais costumes e instrumentos não mais fizeram parte da liturgia no templo. Na verdade a maior prova de que este Salmo fora escrito antes da prática das exigências dadas por Deus sobre música é que Davi, o autor deste Salmo morreu onze anos antes da inauguração do templo, que foi também a inauguração do novo sistema de adoração musical proposto por Deus. Com isso, Salmo 150 não pode ter sido escrito depois, mas antes. Creio que são poucas as dúvidas de que Davi tenha sido o autor deste capítulo. Embora não seja claro, Ellen White em Fundamentos da Educação Cristã, p. 371, faz uma inferência bem contundente a esse respeito, atribuindo a autoria ao Rei Davi.

Quanto à possibilidade de ter sido escrito no período da luta entre Davi e Golias, este linha de pensamento se baseia mais em inferências. Nisto pode haver muitas dúvidas, coisa que não poderá haver quanto à escrita anterior a Salomão deste Salmo.

3º - O contexto literário e poético do Salmo 150

Mesmo que quiséssemos adaptar o Salmo 150 para o período de Salomão com o objetivo de tê-lo como apoio para substanciar a idéia de trazer para dentro da igreja as danças e os adufes (tambores), ainda assim teríamos problemas.

Salmo 150 não serve de base para dizer que podemos usar tambores e danças na liturgia da igreja, por dói motivos principais. Primeiro porque o salmo é uma obra poética e não histórica ou documental e, portanto pode utilizar de linguagem figurativa. Segundo, o capítulo expressa apenas uma questão de louvor circunstancial de gratidão constante a Deus por todos os Seus feitos, pois os versos dizem:

1- Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder!

2- Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza!

3- Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com saltério e com harpa!

4- Louvai-o com adufe e com danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flauta!

5- Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes!

6- Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!

O verso 4 não é uma ordem para louvar a Deus com danças e adufes dentro do Santuário, pois se assim fosse teríamos também que admitir que poderíamos colocar o boi, o cavalo, a galinha, o rato e tudo mais que tenha fôlego dentro do templo com objetivo de louvar ao Senhor (v. 6), o que seria completamente incoerente.

O capítulo em si é apenas um apelo e apresentação de que Deus é merecedor de todo o nosso louvor em todo lugar, circunstância e momento. Louvem ao Senhor no firmamento, na igreja, na escola, no trabalho, no campo, nas viagens, em fim, em tudo louve ao Senhor, pois Ele é merecedor, etc., etc., etc..

Podemos sim, naturalmente em alguns momentos de extrema felicidade dar saltos de dança em alegria a Deus como acontece comumente quando estamos felizes demais e acabamos por um momento exteriorizando dessa forma. Quanto aos tambores, temos hoje os desbravadores que com a fanfarra, glorificam a Deus apenas na circunstância e contexto marcial.

Agora, veja, cada coisa em seu devido lugar. Os tambores poderiam ser usados em determinadas festividades, porém dentro da igreja na adoração se torna objetável pelas razões apresentadas acima. Se na lista de instrumentos que Deus pediu, os tambores ficaram de fora, em uma circunstância cultural onde provavelmente os tambores eram os mais usados, essa referência nos dá todas as inferências necessárias para torná-lo dispensável dentro do templo hoje (Igreja). Não digo que Deus tenha proibido esse ou aquele instrumento, mas que houve uma clara orientação de um grupo de instrumentos e um ministério musical especial para o templo, disso não há dúvidas.

Com toda essa luz dizer que podemos ter bateria ou tambor dentro do Santuário atual, quando Deus por alguma razão muito sábia ausentou esse instrumento de sua lista é um risco que eu prefiro não correr. Não me sinto sábio suficiente para discutir com Deus nesta questão. Prefiro admitir e me calar diante de tal fato. Posso até tentar pensar em algumas possíveis razões, mas tenho que admitir que Deus não quis tal instrumento ali no contexto de adoração no templo. Embora não tenhamos plenas condições de saber as razões pelo qual Deus não permitiu a entrada dos tambores no templo, hoje com todo conhecimento sendo jorrado nos meios teológicos acadêmicos na teologia musical, podemos ter uma vaga noção de algumas possíveis razões. Descobertas científicas e acadêmicas sobre tambores e bateria não favorecem seu uso para momentos em que é exigido a reflexão. Mesmo em situações em que são usados em contexto marcial, faz-se necessário extrema habilidade e ponderação. "Cristãos em Busca do Êxtase" é um bom livro para pesquisa neste sentido. Tal livro recebeu os méritos e indicação assinada dos Doutores Amin Rodor e Alberto Timm. Outro livro muito bem preparado para responder tais questões é "O Cristão e a Música Rock" de Samuele Bacchiocchi.

Perigos que rodeiam o fundamento da IASD

Há pouco tempo vi um comentário afirmando que determinados princípios do tempo de Salomão referente ao Santuário perdem seu valor para os nossos dias. Essa afirmação é bastante perigosa, pois alguns ritos do santuário que eram apenas sombras dos acontecimentos futuros de fato eram transitórios, mas os valores e princípios que giravam em torno do contexto do santuário são imutáveis. Invalidar princípios do santuário, principalmente os que se contextualizam com a adoração é abrir margem para invalidar princípios maiores que giram em torno do templo. Creio que este seria o propósito de Satanás,uma vez que ele sabe bem que criamos uma muralha maciça em torno desta doutrina,devido às advertências do Espírito de Profecia quanto aos ataques que surgiriam a estes ensinos que sustentam o Santuário e conseqüentemente o movimento Adventista.

Será que Satanás não estaria preparando um ataque sutil, começando por uma invalidação baseadas em questões menores, para alcançar as maiores? Com certeza afirmar que a liturgia do santuário não diz nada para nós hoje é abrir precedentes para invalidar questões maiores, até chegarmos à conclusão de que nem tudo no santuário é digno de crédito para os dias atuais e assim corroer aos poucos aquilo que fundamenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Percebem como existe extrema sutileza nestes combates aos princípios expressos ali mesmo que musicais? Como sei que alguns argumentarão dizendo que a solução então seria pegar os mesmo instrumentos que ali foram usados para trazê-los à igreja hoje, vale lembrar que o princípio ali não se baseia no tipo de instrumento que entrou no templo, mas nas implicações que fizeram com que determinados instrumentos deixaram de entrar - o princípio se fundamenta nisso.

Mas e quanto à situação da música no movimento adventista atual?

Temos que entender que vivemos no período da igreja militante. Nem tudo tem sido aos moldes com o que cremos oficialmente. Também não podemos achar que a igreja em si é responsável por determinadas situações caóticas. Não foi a igreja no âmbito teológico que oficialmente introduziu certas culturas musicais mundanas dentro de suas portas. É possível que alguns tenham feito, mas de forma particular. É possível que membros e até pastores tenham introduzido músicas indevidas, mas se introduziram, fizeram-no sem o consentimento oficial da teologia da igreja, introduziram por conta própria. As coisas podem ter desandado, mas nossa teologia sempre esteve firme a esse respeito, nunca mudou seu posicionamento. Pelo contrário, hoje nossa teologia a respeito da liturgia está mais bem alicerçada do que nunca. Embora alguns tenham se levantado com severos ataques a esse tipo de crença teológica, ao invés de enfraquecer, ela tem se tornado mais firme.

Por outro lado, também não podemos sair por aí, condenando todo mundo por tal fato. Devemos pregar, ensinar, dialogar e sempre buscando ajudar as pessoas a compreenderem melhor o assunto com muita paciência. Nem todos receberam a luz a este respeito. Muitos têm oferecido louvores com muita sinceridade e na ignorância, Deus os tem aceito. Mas, a pergunta que surge é: Será que Deus aceitará louvores daqueles que querem permanecer na ignorância?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Diferença de um Membro de Igreja e um Discípulo de Cristo

Há pessoas que confundem o que é ser membro de igreja com o que é ser um discípulo de Cristo. As duas coisas são definitivamente diferentes.
O Artigo das duas estruturas existentes em uma igreja (veja aqui) aborda uma estrutura mais de conservação e outra que é de ação. Esse artigo praticamente engloba onde os membros mais se sentem à vontade e onde um discípulo.
Jesus nunca chamou membros de igreja, ele escolheu, ensinou e trabalhou com discípulos.
Aqui uma comparação em tabela das atitudes típicas de um membro de igreja e do outro lado as de um discípulo. Veja onde você melhor se encaixa.
Membro
Discípulo
Espera pães e peixes
Vai pescar
Luta: crescer
Luta: reproduzir
Espera acontecer
Faz acontecer
Espera ser servido
Ousa servir
Gosta de afago pastoral
Gosta de treinamento pastoral
Entrega parte de seus rendimentos
Entrega a vida
Pode cair na rotina
Sai de 1 aventura espiritual p/ entrar noutra
Espera que lhe dêem uma tarefa
Busca tarefas
Murmura e reclama
Obedece, se sacrifica e nega a si mesmo.
É condicionado pelas circunstâncias
É condicionado pela própria decisão
Reclama que ninguém o visita
Tem seu próprio programa de visitas
Está disposto a somar
Está disposto a multiplicar
No século 21 estão transtornados pelo mundo
No século 1º transtornaram o mundo
É forte como soldado na trincheira
É forte como soldado invasor
Cuida das estacas de sua tenda
Amplia a área de sua tenda
Estabelece hábitos
Rompe moldes
Sonha e exige a igreja ideal
Entrega-se e esforça-se pela igreja real
Meta: ganhar o Céu
Meta: ganhar outros para o Céu
Maduro, se torna discípulo
Maduro: assume ministérios
Prega o evangelho
Faz discípulos para Jesus
Gosta de campanhas
Vive em campanhas
Espera um reavivamento
É parte do reavivamento
Espera que a vida lhe dê uma almofada
Está preparado para uma cruz
Palavra preferida: “Tomara!”
Expressão preferida: “Eis-me aqui!”
É valioso
É indispensável
REFLITA, COMENTE!
Este texto não pretende ser ofensivo, mas esclarecedor. Nada em nosso site pretende perseguir o tom crítico-destrutivo. Estamos a serviço da igreja e precisamos discutir os assuntos abertamente se queremos continuar sendo relevantes na sociedade que nos rodeia.
Adaptado de Daniel Rode, Estrategias de Crecimiento de Iglesia. Apostila SALT, 1998.