sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Dia de Finados não Passa de Tradição


O dia de finados teve origem entre os clérigos romanos no início da paganização do cristianismo, institucionalizada na Igreja Católica Romana. Antes mesmo de o dia de finados ser criado, o culto aos mortos já existia no mundo pagão, e quando começou a ser praticado – inicialmente de forma sutil e depois mais abertamente – pela Igreja Católica Romana, sofreu a crítica de um pequeno grupo de cristãos da época, centrados no ensino da Palavra de Deus, e que foram rechaçados pelos líderes de Roma. Posteriormente, essa prática só aumentou.
Na época carolíngia, que compreende os séculos 9 e 10dC, surgiu o registro dos vivos e mortos a serem lembrados nas missas, como ocorre ainda hoje em toda Igreja Católica Romana, tomando o lugar dos antigos dípticos, tabuinhas de cera onde figuravam os nomes dos doadores de oferendas. Esses registros eram chamados libri vitae (livros da vida) e incluíam os vivos e os mortos.
Não muito tempo depois de criados esses registros, os mortos foram separados dos vivos nessas listas. Já no 7º século, na Irlanda, passou-se a escrever os nomes dos mortos em rolos que eram lidos nos monastérios e igrejas. Essa tradição deu origem às necrologias, lidas nos ofícios católicos romanos, e aos obituários que lembravam os serviços e obras dos defuntos nas datas em que completavam aniversário de falecimento. Os libri memorialis, como eram conhecidos, na época carolíngia continham de 15 mil a 40 mil nomes a serem lembrados. As necrologias da Abadia de Cluny, na França, faziam menção a 40 ou 50 nomes de defuntos por dia.
No 11º século, exatamente entre 1024 e 1033dC, Cluny instituiu a comemoração dos mortos em 2 de novembro, estabelecendo a conexão deste dia com o chamado dia de todos os os santos. O dia de todos os santos foi criado pela Igreja Católica Romana em 835dC e comemorado no dia 1º de novembro em honra aos mortos, mas foi o abade beneditiano Odílio (962-1049dC), de Cluny, que modificou e substituiu o tal dia de finados, que seria um dia reservado às orações pelas almas no purgatório. O dia de finados começou a ser aceito por Roma em 998dC, juntamente com a celebração do dia de todas as almas, e foi oficializado no início do século 11, sendo cristalizado já no século 20.
É interessante notar que o dia de todos os santos, de onde tudo começou, foi copiado dos cultos pagãos dos celtas e dos gauleses. A festa dos espíritos era celebrada pelos celtas em 1º de novembro. Nessa data os celtas ofereciam sacrifícios para liberar os espíritos que eram aprisionados por Samhain, o príncipe das trevas. O império romano também absorveu o dia de pomona, dos gauleses, transformando as duas festas em uma só. Posteriormente, a Igreja Católica Romana tomou a data para celebração do dia de todas as almas, absorvendo a crendice dos pagãos.
Em 1439, quando Roma bateu o martelo decisivamente pró doutrina do purgatório, o dia de finados foi fortalecido, sendo confirmado definitivamente com o Concílio de Trento, no século 16, que inseriu na Bíblia católica romana os livros apócrifos. É no livro apócrifo de 2 Macabeus que se baseia o culto aos mortos, promovido por Roma todo mês de novembro.
Os católicos romanos alegam que Judas realizou sacrifício pelos mortos no livro de Macabeus (2 Macabeus 12.44-45), mas não podemos de forma alguma tomar este livro como sendo parte das Escrituras Sagradas. O autor de Macabeus, ao final do livro, pede desculpas por algum erro que possa ter cometido. Se fosse um livro inspirado por Deus, o Senhor precisaria pedir perdão por alguma coisa? Veja o que o epílogo do livro de Macabeus afirma: “Finalizarei aqui a minha narração. Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este meu desejo; se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor”, 2 Macabeus 15.38.
As pessoas as vezes preferem acreditar mais em tradições humanas e experiências pessoais do que procurar estudar a Bíblia para verificar o que ela realmente fala a respeito do assunto. Não há base, em nenhum trecho das Sagradas Escrituras, para o purgatório. Não se deve orar pelos mortos porque a Bíblia diz que, depois da morte, segue-se o juízo (Hebreus 9.27).
Veja o absurdo ensinado pelos romanistas ao falarem do purgatório: “Se alguém disser que, depois de receber a graça da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente e que é destruída a penalidade da punição eterna, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste mundo ou no futuro, antes do livre acesso ao reino a ser aberto, seja anátema” (A Base da Doutrina Católica Contida na Profissão de Fé, Seção VI, papa Pio IV).
Como pode-se ver, a doutrina do purgatório simplesmente menospreza a obra expiatória de Cristo na cruz do Calvário, quando a Bíblia diz que o que Jesus fez é definitivo. Se alguém está em Cristo, nenhuma condenação há (Romanos 8.1), há completo livramento do juízo vindouro (João 5.24). Como, então, ensinar que Deus queima seus filhos no purgatório para satisfazer à sua justiça já satisfeita pelo sacrifício de Cristo, ou mesmo para satisfazer a si mesmo, como se o que Cristo fez não fosse suficiente? Como Deus pode purgar pecados já expiados? Além disso, teria o papa mais poderes que Jesus, já que Roma ensina que Jesus, que do Céu intercede pelos pecadores, vê-se impossibilitado de livrar as almas que estão no purgatório, e só o papa possui a chave daquele cárcere?
Orar por quem já morreu NÃO adianta. É antibíblico e inócuo. O dia de finados não se sustenta, porque ele é uma mera tradição religiosa, nada mais que isso. É uma invenção religiosa, bem explorada pelo comércio e pela Igreja Católica Romana. Uma farsa, como qualquer outra. Devemos orar pelos vivos. Isso sim é bíblico!
Pense Nisso…

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ciência e Religião - Conviver é possível?

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Nós podemos comparar a relação entre ciência e religião como uma relação conjugal. Ora há momentos de harmonia, ora há momentos de conflito e às vezes até indiferença entre elas. Na década de 1920, o filósofo Alfred North Whitehead disse que o futuro das próximas gerações dependerá da relação que elas estabelecerem com estas duas áreas do conhecimento. A verdade é que diariamente lidamos com situações que estão na interface entre a religião e a ciência. Por exemplo, quando acompanhamos nos jornais problemas éticos suscitados pela clonagem para fins reprodutivos ou terapêuticos, a legalização do aborto e da eutanásia, estamos lidando muitas vezes com cosmovisões diferentes que lutam para conquistar a nossa mente. Outra área em que observamos nitidamente esta tensão é no ensino das origens protagonizado por duas correntes filosóficas distintas, o evolucionismo materialista e o criacionismo bíblico. Afinal de contas pode existir harmonia entre a ciência e a religião cristã? Existem evidências que nos permitam crer num Deus pessoal?

Primeiramente precisamos entender que os cientistas não conseguem analisar os fatos de forma totalmente imparcial. Segundo Karl Pooper, não existem fatos sem teoria e os maiores problemas não ocorrem quando lidamos com os fenômenos reproduzíveis da natureza, mas sim com fatos históricos que ocorreram no passado. A estrutura conceitual de cada pessoa irá prover respostas para os problemas levantados. Além disso, a mídia dificilmente apresenta de forma imparcial e equilibrada os argumentos de cada lado.

Nos útimos séculos, houve um abismo que foi construído entre a ciência e a religião. Ele foi colocado inicialmente para proteger o método científico da influência do pensamento grego defendido pela Igreja Católica, mas depois interpretações equivocadas da história da ciência foram usadas para legitimar o empreendimento científico em detrimento da fé cristã que passou a ser considerada como anti-ciência. Entretanto, este cenário está mudando. Atualmente, muitos defendem a integração entre a fé e a ciência dizendo que o pensamento mecanicista juntamente com o método cartesiano e reducionista fragmentou o conhecimento colocando-o em áreas isoladas não correspondendo mais aos anseios do homem pós-moderno. Por isso, o cristianismo de forma geral e, em particular, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que detém um forte sistema educacional, tem se preocupado em incluir no seu curriculo uma educação holísitca resgatando os valores bíblicos e cristãos na formação dos seus alunos.

Em anos recentes, cientistas realizaram inúmeras descobertas que revelam um nível tão elevado de precisão e complexidade que está ficando difícil sugerir que tudo que existe surgiu por acaso. Até o final da década de 1910, aqueles que não consideravam o Gênesis literalmente não tinham motivos para acreditar que o universo teve um início. O século XX viu uma explosão em nossa exploração do universo conforme novas técnicas e instrumentos tornaram-se disponíveis. O jornalista científico Fred Heeren, em seu livro “Mostre-me Deus” argumenta que a ampliação do conhecimento irá somente aumentar o senso de maravilha e trazer mais segurança para a fé das pessoas. Como ele mesmo afirma: “Eu nunca vi as leis da Física falharem e já vi muitas charlatanices para duvidar de quem afirma já ter visto(...) acho difícil acreditar que qualquer milagre tenha acontecido no passado. Ainda assim, aqui estamos nós, a prova viva de que, de alguma forma, em algum momento do passado, tudo começou a partir do nada – e simplesmente não há uma maneira natural para uma coisa dessas acontecer. E é notório que físicos estão dizendo que o universo foi “ajustado” precisamente para que a vida fosse possível. Isso me coloca num pequeno dilema. Aqui estou eu, desacreditando em milagres enquanto que o universo inteiro é aparentemente um indescritível grandioso milagre.”

Embora a fé seja um componente importante na cosmovisão cristã, encontramos inúmeras evidências de planejamento que apelam à nossa razão. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder, sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebido por meio das coisas que foram criadas (Rom. 1:20).

Wellington Silva - Doutor em Genética Humana pela UnB e professor de Biologia e Genética das Faculdades Adventistas da Bahia.

sábado, 23 de outubro de 2010

1844: coincidência ou providência?

Foram os eventos ocorridos no ano de 1844 apenas um acidente? Ou tem esse ano um significado mais profundo na compreensão bíblica do plano de Deus na história da redenção? Como adventistas do sétimo dia, deveríamos aceitar a segunda posição. Para nós, 1844 é o ano em que terminou a profecia dos 2300 dias de Daniel 8:14, o marco que assinala o início do julgamento pré-advento no céu, e a culminação do mais longo período profético da Bíblia, proclamando ao mundo que o fim não vai demorar e que a segunda vinda de Jesus está próxima.
O que muitos não sabem, inclusive entre os adventistas, é que 1844 é importante não apenas em relação à história sagrada, mas também em relação a outros eventos mundiais de grande magnitude que fazem desse ano uma espécie de divisor de águas. Antes, porém, vamos traçar a importância de 1844 para a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
De um grande erro a uma poderosa mensagem
Por volta de 1840, muitos pregadores pelo mundo estavam proclamando que Jesus estava para voltar. O pesquisador Le Roy Edwin Froom indica que entre esses pregadores, de várias denominações cristãs, havia brancos, negros, mulheres e até mesmo crianças. Houve uma garota do campo na Europa que atraiu de três a quatro mil pessoas ao pregar sobre o fim do mundo. Grande foi o impacto que ela exerceu na vida de muitos.1
Nos Estados Unidos, foi a pregação e os escritos de Guilherme Miller, um fazendeiro que se tornou pregador, que despertou a paixão tanto de crentes quando de descrentes. Miller e seus associados proclamavam a seguinte mensagem: “Assim como o primeiro advento de Jesus Cristo foi predito em Daniel 9, Seu segundo advento é identificado em Daniel 8:14. Visto que a terra deve ser o ‘santuário’ a ser ‘purificado’, isso vai acontecer por meio do fogo quando Jesus voltar. Começando com 457 a.C., a profecia dos 2300 dias/anos de Daniel 8:14 culminará ao redor de 1843-1844. Jesus virá outra vez por volta desse tempo. Portanto, prepare-se para encontrá-Lo! Sua volta será um evento literal e visível que precederá o milênio.” Essa era a essência da proclamação milerita.
Vinte e dois de outubro de 1844 foi finalmente estabelecido como o dia em que a profecia terminaria. Aquele era o dia em que a terra seria purificada pelo retorno de Jesus. Milhares de mileritas, vários milhares, aguardaram pacientemente, fervorosamente, até que o dia chegou. Então eles esperaram o dia inteiro, mas Jesus não veio, deixando-os profundamente desapontados. Eles foram forçados a admitir que alguma coisa havia saído errado.
Uns poucos dentre os desapontados estudaram as Escrituras ainda com mais fervor. Não demorou para que aprendessem que embora a data de 22 de outubro de 1844 estivesse correta, o evento estava errado. Esses crentes entenderam que o santuário a ser purificado não estava na terra, mas no céu. Jesus havia entrado no santo dos santos do santuário celestial para dar início a Sua obra de julgamento. Como Ellen White mais tarde declarou: “O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844.”2
Ángel Manuel Rodríguez comenta: “Tendo completado na terra a obra para a qual viera (João 17:4, 5; 19:30), Cristo ‘foi elevado ao céu’ (Atos 1:11) para ‘salvar definitivamente aqueles que, por meio dEle, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles’ (Hebreus 7:25), até que em Sua segunda vinda Ele vai aparecer ‘não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que O aguardam’ (Hebreus 9:28). Entre esses dois pólos, a cruz e o glorioso retorno do Senhor, Cristo atua como sacerdote real ‘no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem’ (Hebreus 8:2), o advogado (I João 2:1) e intercessor daqueles que nEle crêem (Romanos 8:34). Como nosso Sumo Sacerdote, Cristo está ministrando os benefícios de Seu sacrifício àqueles que vêm a Ele, um ministério tão essencial à nossa salvação como Sua morte substitutiva.”3
Assim, o grande desapontamento de 22 de outubro de 1844 se tornou uma poderosa mensagem. É verdade que Jesus não veio como os mileritas pensavam. Mas, um pequeno grupo de crentes desapontados descobriram nova luz bíblica – a verdade de que Cristo entrou na fase final de Seu ministério sumo-sacerdotal no santuário celestial, após o qual Ele vai finalmente voltar para redimir Seu povo. Assim nasceu a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com sua fé firmemente ancorada no breve retorno de Jesus e com o compromisso de pregar toda a verdade em Jesus. O ano de 1844 é, de fato, importante para o nascimento do adventismo.
Mas, 1844 é de interesse em outras áreas também. Movimentos surpreendentes e destrutivos à fé surgiram no panorama mundial na mesma época, formando um cenário de desafio e urgência para a proclamação adventista, e chamando os habitantes do mundo a olhar para a genuína verdade acerca de Deus e Seu papel no final da história humana. Examinaremos três desses movimentos.
O surgimento do marxismo
Em agosto de 1844, Frederick Engels se encontrou com Karl Marx em Paris e eles se tornaram parceiros numa luta revolucionária – “um relacionamento duradouro que iria mudar o mundo”, como disse alguém.4
Enquanto os cristãos que acreditavam na Bíblia pregavam que Jesus logo iria voltar para levar Seu povo para o céu e pôr fim ao pecado e sofrimento e prover paz e felicidade eternas, Marx e Engels estavam proclamando que o caminho para a verdadeira felicidade era eliminar Deus da vida; que o caminho para a paz e segurança era através dos princípios do socialismo e comunismo; que eles podiam e haveriam de libertar os cativos do mundo e promover uma sociedade harmoniosa e sem divisão de classes na terra.5 Marx e Engels, portanto, tentaram direcionar a esperança humana para longe da segunda vinda de Cristo, para uma utopia comunista sob a qual milhões foram subjugados na maior parte do século passado.
No contexto desse desafio, o movimento do advento de 1844 foi conclamado a proclamar o evangelho eterno do santuário celestial onde todas as nossas esperanças devem estar ancoradas.
Dispensacionalismo e falsas noções de salvação
Enquanto o grande despertar do segundo advento estava se alastrando por muitos países, um pregador evangélico europeu itinerante chamado John Nelson Darby começava a disseminar uma nova teoria acerca da segunda vinda de Jesus. Enquanto pregava na Suíça, Darby desenvolveu a teoria do “dispensacionalismo” – uma teoria que divide a história em sete eras ou dispensações, desde a era da inocência antes da queda à era da restauração no fim dos tempos. Embora Darby insistisse que havia extraído sua doutrina do dispensacionalismo da Bíblia somente, entre 1843 e 1845 ele introduziu uma surpreendente inovação – o arrebatamento secreto.6 A teoria do arrebatamento secreto ensina que Cristo virá em segredo, arrebatará os santos e os levará para o céu.
Um comentário moderno desse arrebatamento secreto é a agora famosa série de livros Deixados para Trás, da qual mais de sessenta milhões de cópias já foram vendidas em todo o mundo. Os autores desses livros populares argumentam que embora milhões serão deixados para trás durante o arrebatamento, eles não serão deixados sem esperança. Eles terão uma segunda chance de salvação. Tim LaHaye e Jerry Jenkins, dois autores da série Deixados para Trás, promovem diretamente a teoria da “segunda chance”:
“Milhões de homens, mulheres, meninas e meninos vão reconhecer que, embora eles perderam o arrebatamento e assim terão de enfrentar os terrores da tribulação, Deus ainda os chama, anelando por vê-los ao Seu lado… Nós cremos que esses ‘santos da tribulação’ podem muito bem ser contados aos bilhões. E não se esqueça: cada um desses novos crentes terá sido deixado para trás depois do arrebatamento precisamente porque ele ou ela tinha (até aquele ponto) rejeitado a oferta de salvação de Deus. Mas, mesmo então, o Senhor não desistirá dele.”7
Essa é a parte mais alarmante e perigosa da teoria do arrebatamento – a crença de que pessoas terão uma segunda chance de salvação. A Bíblia, porém, em nenhum lugar ensina o arrebatamento secreto e muito menos uma segunda chance de salvação após a morte. O ensino consistente da Escritura é que o segundo advento de Jesus vai ocorrer apenas como um único grande evento: ele será pessoal e literal (Atos 1:11), visível e audível (Apocalipse 1:7; I Tessalonicenses 4:16), glorioso e triunfante (Mateus 24:30), cataclísmico (Daniel 2:44; 2 Pedro 3:10) e repentino (Mateus 24:38, 39, 42-44). Vários sinais, alguns dos quais inclusive já ocorreram, hão de preceder esse evento, no mundo natural (Apocalipse 6:12-13), no mundo moral com o aumento da ilegalidade e corações saturados do pecado (Mateus 24:37-39), e no mundo religioso com falsos profetas enganando a muitos (vs. 24).
Quando todos os sinais que apontam para o segundo advento tiverem sido cumpridos, então Jesus voltará – para reunir Seu povo, para ressuscitar os justos mortos, para transformar e receber todos os santos, para destruir os poderes maus e perversos, para vindicar o caráter de Deus, para restaurar a terra e para restabelecer a comunhão com Deus! A linguagem bíblica acerca da segunda vinda não dá margem para um arrebatamento secreto.
As Escrituras também não falam de uma segunda chance de salvação após a morte. A posição bíblica é clara: depois da morte, não há nenhuma possibilidade de uma segunda chance; existe apenas um julgamento. “O homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hebreus 9:27 – NVI).
Porém, quão sinistra e quão sutil é a teoria do arrebatamento. Definitivamente, trata-se de um atentado ao cristianismo, um assalto à preciosa doutrina da salvação e da segunda vinda de Cristo.8
Seria apenas um acidente Deus ter escolhido o movimento do advento em 1844, para proclamar as genuínas verdades da segunda vinda e do juízo, mais ou menos na mesma época em que tais doutrinas enganadoras, como o arrebatamento secreto e o dispensacionalismo, entraram em cena no mundo?
Darwin e o surgimento da evolução naturalística
Depois de cinco anos de uma viagem científica a bordo do navio HMS Beagle, Charles Darwin voltou para casa na Inglaterra em 1836. A viagem o levou a “pensar muito acerca da religião” e ele começou a “descrer no cristianismo como uma revelação divina”.9 Mais tarde, Darwin declarou: “Em junho de 1842, eu primeiro tive a satisfação de escrever um breve resumo da minha teoria [da evolução] a lápis em 35 páginas; esse resumo foi ampliado no verão de 1844 para 230 páginas.” Assim começou A Origem das Espécies de Darwin, um livro que revolucionou o pensamento científico e marcou o início da negação do relato bíblico da criação.
Todavia, naquele mesmo ano de 1844, Deus estava trazendo à luz uma verdade bíblica por muito tempo negligenciada: o sábado, que celebra Deus como o Criador. Uma denominação relativamente pequena, os Batistas do Sétimo Dia da América do Norte, haviam se preocupado bastante em 1843 com a ameaça da recente legislação quanto ao domingo, que poderia afetar suas liberdades. Assim, eles se dedicaram a orar e a se envolver mais ativamente em favor do sábado do sétimo dia, separando um dia em 1843 e, mais tarde, outro em 1844 para jejum e oração, para que Deus Se “levantasse e defendesse Seu santo sábado”.
No inverno de 1844, uma senhora chamada Rachel Oakes, uma batista do sétimo dia de Nova Iorque, estava visitando a filha em New Hampshire. Lá, ela visitou a Igreja Cristã Washington, onde um serviço de comunhão estava sendo ministrado por Frederick Wheeler, um ministro metodista que havia aceitado a mensagem milerita. A Sra. Oakes ficou surpresa ao ouvir Wheeler dizer: “Todo aquele que confessar comunhão com Cristo numa cerimônia como esta deveria estar disposto a obedecer a Deus e guardar Seus mandamentos em todas as coisas.” Quando o Pr. Wheeler visitou a família Oakes pouco tempo depois, a Sra. Oakes lhe disse que ela quase se levantara aquele dia na igreja para lhe dizer que seria melhor para ele não participar da cerimônia enquanto ele mesmo não estivesse disposto a guardar todos os mandamentos de Deus, incluindo o sábado.
Ao voltar para casa, Frederick Wheeler estudou sinceramente sua Bíblia, e algumas semanas depois, aceitou o ensino bíblico acerca da santidade do sétimo dia, o sábado, e pregou seu primeiro sermão sobre o assunto em março de 1844. Muitos membros de sua igreja abraçaram a verdade do sábado. Das sessenta ou mais pessoas daquela vizinhança que experimentaram o grande desapontamento de 1844, umas quarenta aceitaram a doutrina do sábado e mais tarde se tornaram membros da primeira igreja adventista a guardar o sábado.
Outro pregador milerita, um batista chamado Thomas Preble, ouviu que a mensagem do sábado estava sendo pregada em New Hampshire, e decidiu investigá-la. Ele também, em agosto de 1844, abraçou a verdade do sábado. Cerca de quatro meses após o grande desapontamento, Preble escreveu um artigo acerca do sábado no periódico milerita The Hope of Israel. José Bates, um capitão de navio aposentado, leu-a e não só aceitou o sábado como também passou a publicar uma série de artigos sobre o assunto. Desse tempo em diante, José Bates, um dos fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tornou-se um líder na proclamação da mensagem do sábado. Como se sabe, a questão do sábado era tão importante que se tornou parte do próprio nome da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ellen White falou diretamente da importância do sábado em destacar um Deus-Criador. “A suposição infiel de que os eventos da primeira semana requereram sete períodos de tempo vastos e indefinidos para que se completassem atinge o sábado do quarto mandamento diretamente em sua base.”10
Seria mera coincidência Deus ter levantado uma igreja, para que pregasse a verdade do sábado e o poder criador divino, ao mesmo tempo em que Darwin escreveu sua teoria evolucionária negando a atividade criadora de Deus? A mensagem dos três anjos de Apocalipse 14 e o compromisso adventista de proclamá-la seriamente, como a advertência final de Deus ao mundo, não são mero acaso. Na verdade, são parte do plano de Deus para o fim dos tempos.
O cientista adventista Ariel Roth comenta o seguinte desafio: “Nossa confiança de que a Bíblia é a Palavra de Deus não dá espaço para alternativas à criação [bíblica] tais como uma criação progressiva, evolução teística, ou evolução naturalística. Não deveríamos nos envolver em especulações infrutíferas. Como ‘o povo do Livro’, nós temos uma oportunidade sagrada de apresentar toda a Bíblia, incluindo sua mensagem da criação, para um mundo que está desorientado quanto à grande questão de como começou a vida sobre a terra.”11
Nada a temer quanto ao futuro
Em nossa breve, mas esclarecedora viagem de volta aos anos de 1840, nós recapitulamos o surgimento de alguns dos maiores movimentos globais – marxismo, dispensacionalismo e evolucionismo – que desafiaram importantes verdades acerca de Deus nesses tempos finais. Além disso, deveríamos também ter examinado outros importantes eventos que ocorreram na mesma época, tais como o surgimento do espiritismo moderno, o início da religião Bahai no oriente e a emergência do existencialismo na Europa. Mas, a verdade nunca foi deixada sem seus defensores. Deus, em Sua graça e providência, sempre tem levantado um pequeno, mas corajoso, grupo de crentes na Bíblia para descobrir a verdade em sua plenitude e torná-la sua prioridade de missão global e testemunho. Não, 1844 e o surgimento do adventismo não são meros acidentes! São o plano de Deus para manter viva a chama da verdade em meio às trevas de engano que envolveram a história humana por volta da mesma época.
O ano de 1844 e sua grande importância não podem jamais ser minimizados ou esquecidos. O conselho de Ellen White é oportuno: “Ao recapitular a nossa história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até ao nosso estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.”12
Ron du Preez (D.Min., Universidade Andrews; Th.D., Universidade do Sul da África) tem atuado como missionário e professor universitário, e atualmente serve como pastor na Associação de Michigan. Este artigo foi adaptado de seu livro No Fear for the Future, distribuído pela Review and Herald Publishing Association, Hagerstown, Maryland, EUA. Ele pode ser contatado pelo e-mail faithethics@yahoo.com
REFERÊNCIAS
1. Veja Le Roy Edwin Froom. The Prophetic Faith of Our Fathers: The Historical Development of Prophetic Interpretation. Washington, D.C.: Review and Herald Publ. Assn., 1954, vol. 4. pp. 443-718 (veja especialmente pp. 699-718).
2. Ellen G. White. O Grande Conflito. 42. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 423.
3. Ángel Manuel Rodríguez. Handbook of Seventh-day Adventist Theology. Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publ. Assn., 2000. p. 375.
4. Disponível em: <http://www.marxists.org/archive/marx/works/1845/holy-family/index.htm> Acesso em: 16 jun. 2004 (página introdutória).
5. Veja, por exemplo: Preface to Marx-Engels Collected Works, vol. 3: Works 1843-1844. Disponível em: <http://www.marxists.org/archive/marx/works/cw/volume03/preface.htm> Acesso em 16 jun. 2004.
6. Clarence B. Bass. Backgrounds to Dispensationalism: Its Historical Genesis and Ecclesiastical Implications. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1960. p. 139.
7. Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins. Are We Living in the End Times? Wheaton, Illinois: Tyndale, 1999. pp. 157-58.
8. Uma refutação da teoria do arrebatamento e crenças relacionadas pode ser encontrada em: Steve Wohlberg. End Time Delusions: The Rapture, the Antichrist, Israel, and the End of the World. Shippensburg, Pennsylvania: Treasure House, 2004; e Hans K. LaRondelle. The Israel of God in Prophecy: Principles of Prophetic Interpretation. Berrien Springs, Michigan: Andrews University Press, 1983.
9. Nora Barlow. The Autobiography of Charles Darwin, 1809-1882. Nova York: Norton, 1958. pp. 85-86.
10. Ellen G. White. Spiritual Gifts. Battle Creek, Michigan: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1864, vol. 3. p. 91.
11. Ariel A. Roth. “Adventism and the Challenges to Creationism.” Adventists Affirm, Spring, 2002. pp. 20-21.
12. Ellen G. White. Mensagens Escolhidas. 3. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1987, vol. 3. p. 196.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Podemos considerar o Alcorão e o Livro de Mórmon em pé de igualdade com a Bíblia?





O Alcorão dos muçulmanos possui sérias incoerências e inexatidões históricas (mesmo sendo muito mais recente que a Bíblia). Exemplos:

Sura 2:249. Quando o rei Saul, de Israel, saiu marchando com suas tropas, disse: “Deus vos testará por meio de um rio. Aquele que dele beber não fará parte do meu grupo; aquele, porém, que não provar dele, a não ser por meio de beber pela mão, fará parte do meu grupo.” Faz-se aqui tremenda confusão entre Saul e Gideão (confira Juízes 7:5-8).

Sura 61:6: “E lembrai-vos de quando Jesus, Filho de Maria, disse: ‘Ó filhos de Israel, em verdade sou o apóstolo da parte de Deus para vós, a fim de confirmar uma lei que foi dada antes de mim, a fim de anunciar um apóstolo que virá após mim, e cujo nome será Ahmad.’” O autor certamente obteve isso a partir do título Parakletos, que Jesus atribuiu ao Espírito Santo, em João 16:7. Confundiu-se Parakletos com Periklytos (famoso, louvado) que, em árabe, seria Ahmad ou Muhammad (Maomé).

Algum tempo atrás, circulou pela internet um daqueles e-mails sensacionalistas dando conta de que teriam sido descobertas moedas com o nome de José do Egito. Era, na verdade, um grande mal-entendido. A informação proveio do jornal egípcio Al-Ahram, via site Memri. Outro site que repercutiu o assunto foi o Urban Christian News. Este até publicou uma foto, dando uma tremenda “barrigada” jornalística. As moedas da imagem são, na verdade, gregas e trazem a inscrição “Basileos Ptolomaios”. Nada de hieróglifos. Detalhe: José viveu por volta do ano 1850 a.C., enquanto Ptolomeu viveu no terceiro século a.C.

No tempo de José não havia moedas. As fotos do site árabe são escaravelhos entalhados em alabastro e em pedra, e definitivamente não se trata de moedas. A moeda foi inventada no 8º século a.C. pelos lídios. Ademais, onde estão o rosto e o nome de José nesses artefatos? Além disso, José não era faraó. Como teria uma moeda esculpida com seu nome e rosto? (Além do que, por ser judeu, não consentiria com esse tipo de homenagem pictográfica.)

Parece que o Dr. Sa’id Mahammad Thabet, que é muçulmano, quis provar a exatidão do Alcorão, que na Sura 12:20 diz que os irmãos de José o “venderam por um preço baixo, um número de moedas de prata”. Muito material do Alcorão é “emprestado” da Bíblia, que é bem mais antiga que o livro sagrado dos islâmicos. O que ocorre neste caso específico é uma corruptela da tradução malfeita do texto bíblico de Gênesis 37:38: “Passando, pois, os mercadores midianitas, os irmãos de José, alçando-o da cisterna, venderam-no por vinte ciclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito” (Almeida Contemporânea). A versão Almeida Revista e Atualizada traz a palavra “moedas” em lugar de “ciclos”. Ocorre que o original hebraico traz apenas “vinte de prata”. A palavra shekels (= peças, pedaços, peso ou ciclos) foi um acréscimo posterior ao texto original. O Alcorão, baseado numa tradução bíblica imprecisa, colocou “moedas”.

O que Thabet fez foi tentar “salvar” o texto corânico, indo na contramão de outros estudiosos, ao afirmar que há textos da 3ª, da 6ª e da 12ª dinastias que mencionam moedas. Só que ele usa a palavra deben, que, à semelhança de shekel, era também usada para se referir à medida de peso (como o futuro talento) e pesava 21 gramas.

Fica aqui a advertência para que não espalhemos informações imprecisas (e/ou até inverídicas) por aí.

O Livro de Mórmon, igualmente, possui muitas inexatidões, especialmente quando contrastado com a Bíblia. O jornalista Lee Strobel menciona uma comparação interessante: verificou-se que toda a geografia do livro de Atos foi confirmada pelo ex-cético Sir William Ramsay, de Oxford, enquanto que os lugares e pessoas mencionados no Livro de Mórmon permanecem obscuros até hoje.

Exemplos de inexatidões:

Segundo o livro Alma 7:10, Jesus haveria de nascer em Jerusalém (e não em Belém, conforme o registro em Lucas 2:4 e a profecia em Miqueias 5:2).

Helamã 14:20, 27 declara que as trevas cobriram a Terra inteira durante três dias na ocasião da morte de Cristo (e não durante três horas, conforme o registro de Mateus 27:45 e Marcos 15:33). Dessa forma, Maria não poderia ter ido ao túmulo na manhã de Páscoa.

Alma 56:15 indica que os crentes foram chamados “cristãos” já em 73 a.C., e não em Antioquia, conforme a informação dada em Atos 11:26. É difícil imaginar como alguém poderia ter recebido o título de cristão tantas décadas antes do nascimento de Cristo!

Helamã 12:25, 26, alegadamente escrito no ano 6 a.C., cita João 5:29 como fonte escrita prévia, introduzindo-a com a palavra “lemos”. É difícil aceitar que uma citação pudesse ser tirada de uma fonte que não fora composta até muitas décadas depois de 6 a.C.!

(Michelson Borges, jornalista e mestre em Teologia)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mateus 28:19 – falso ou autêntico?





Escrito por Rodrigo  Nascimento   

É verdade que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19) não foram escritas por Mateus, mas foram acrescentadas pela Igreja Católica?

Mateus 28:19 é um dos textos bíblicos mais frequentemente utilizados para defender a doutrina da Trindade. Mas alguns grupos cristãos que não creem nessa doutrina afirmam que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” não estavam no texto original. Examinaremos os principais argumentos utilizados em defesa dessa teoria.[1]

1. Manuscritos do Novo Testamento – Aqueles que dizem que Mateus 28:19 foi modificado argumentam que, de acordo com o texto original, o batismo deveria ser realizado “em Meu [de Jesus] nome”. Ao examinarmos essa teoria, precisamos nos lembrar de que o Novo Testamento foi escrito originalmente no idioma grego, mas nenhum manuscrito redigido pelos próprios autores bíblicos chegou até nossa época. Porém, são conhecidos mais de cinco mil manuscritos antigos que contêm o Novo Testamento em seu idioma original. Assim, podemos ter certeza de que, ao longo de dois mil anos, Deus preservou Sua Palavra.[2]

De acordo com os estudiosos, a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” aparece em todos os manuscritos antigos do evangelho de Mateus. Por outro lado, não existe nenhum manuscrito em que apareçam as palavras “em Meu [de Jesus] nome” ou qualquer outra expressão.[3]

Esse fato é confirmado pelas mais importantes obras sobre o assunto: a edição do Novo Testamento grego e a obra oficial que possui comentários sobre esses manuscritos.[4] Outra importante obra, International Standard Bible Encyclopedia, declara que “as credenciais textuais [de Mt 28:19] são suficientemente sólidas”,[5] ou seja, não há dúvidas sobre o texto original de Mateus 28:19.


As palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” aparecem também em todas as traduções antigas do evangelho de Mateus ou do Novo Testamento completo, tais como a Peshitta Siríaca, a Vulgata latina, a Copta e as versões eslovacas. É interessante observar que os cristãos sírios e coptas (que possuíam sua própria tradução do Novo Testamento) não estavam ligados à Igreja Católica Romana, mas aceitavam essa passagem bíblica como autêntica. Após analisar esses fatos, um estudioso afirmou: “É incrível que uma interpolação desse caráter tenha sido feita no texto de Mateus sem deixar qualquer traço de sua inautenticidade em um simples manuscrito ou versão [tradução]. A evidência de sua genuinidade é esmagadora.”[6]

À vezes é dito que o evangelho de Mateus foi escrito originalmente em hebraico ou aramaico. As pessoas que afirmam que Mateus 28:19 foi modificado alegam que, no evangelho escrito nesses idiomas, Jesus ordenava que o batismo deveria ser efetuado “em Meu nome”. Mas essa teoria deve ser rejeitada por várias razões: (1) até hoje não foi encontrado nenhum fragmento hebraico ou aramaico desse evangelho; (2) “o grego de Mateus não apresenta qualquer indício de ter sido traduzido do aramaico”; e (3) existem muitas evidências de que Mateus utilizou o evangelho de Marcos, escrito em grego, para escrever seu próprio evangelho.[7]

Alguns mencionam uma versão de Mateus em hebraico traduzida por George Howard, que contém as palavras “em Meu [de Jesus] nome” em Mateus 28:19. Argumenta-se que esse texto apresenta o texto exato do evangelho em seu idioma original. No entanto, o texto traduzido por Howard é do século 14 e, portanto, muito tardio para ser utilizado como evidência das palavras originais do evangelho. Além disso, essa versão pertencia a um judeu que a utilizou em livros que atacavam a fé cristã. Portanto, esse suposto evangelho em hebraico é muito tardio, de segunda mão e pertencia a um crítico do cristianismo.[8]

Apesar disso, outros dois textos em hebraico de Mateus (Du Tillet e Münster), que são aproximadamente da mesma época que o de Howard, contêm a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Mesmo que admitíssemos que esse evangelho tivesse sido escrito originalmente em hebraico ou aramaico, não há evidência de que as palavras de Mateus 28:19 fossem diferentes do texto que conhecemos.

2. Antigos escritores cristãos – Outra maneira de saber quais eram as palavras exatas que apareciam nos textos originais do Novo Testamento é ver como eram citados pelos autores cristãos que viveram pouco tempo depois dos apóstolos. Aqueles que afirmam que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado dizem que esses autores citavam a passagem sem as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

Os documentos históricos, no entanto, mostram que todas as vezes em que os antigos escritores cristãos se referiam a Mateus 28:19, eles citavam as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Os exemplos incluem a Didaquê, um manual doutrinário para candidatos ao batismo, produzido entre 70 e 100 d.C.; Inácio de Antioquia (50-110 d.C.); Justino Mártir (100-165 d.C.); Taciano, o Sírio (120-180 d.C.); Irineu de Lyon (130-200 d.C.); Tertuliano de Cartago (150-220 d.C.); Hipólito de Roma (170-235 d.C.); Orígenes (185-253 d.C.); Cipriano (morreu em 258 d.C.); Dionísio de Alexandria (morreu em 265 d.C.); Vitorino de Pettau (morreu em 303 d.C.) e os autores do Tratado Contra o Herege Novaciano e do Tratado Sobre o Rebatismo.[9]

Outro argumento comum contra a autenticidade de Mateus 28:19 se baseia nos escritos de Eusébio de Cesareia (265-339 d.C.), historiador cristão que viveu na época do imperador Constantino. Várias vezes ele citou Mateus 28:19 com as palavras “em Meu [de Jesus] nome”. Os estudiosos observam, entretanto, que Eusébio tinha o hábito de citar a Bíblia de forma bastante imprecisa.[10] Por isso, suas citações não são utilizadas para se determinar as palavras exatas do Novo Testamento.

Em realidade, Eusébio citava Mateus 28:19 de três maneiras diferentes: (1) “Ide e fazei discípulos de todas as nações”; (2) “Ide e fazei discípulos de todas as nações em Meu nome”; e (3) “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. É importante observar que Eusébio jamais citou o texto como se esse ordenasse o batismo “em Meu nome”, mas fazer discípulos em Meu nome.

Alguns afirmam que, antes do Concílio de Niceia (325 d.C.), Tertuliano citava o texto da primeira e segunda formas e, depois do Concílio, citava da terceira forma. Esse argumento possui várias falhas: (1) ao contrário do que geralmente é dito, o Concílio de Niceia não discutiu a Trindade, mas a relação de Cristo com Deus, o Pai; (2) Mateus 28:19 não era um texto utilizado nas discussões sobre a Trindade e a natureza de Cristo na época de Eusébio; e (3) Eusébio utilizou cada uma das três formas antes e depois do Concílio de Niceia.

Além disso, ao mencionar o texto de Mateus 28:18-20, Eusébio combinava-o com Mateus 10:8; 24:14; Marcos 16:17; Lucas 24:47 e João 20:22. Portanto, ele não citava as palavras de Mateus 28:19 de forma isolada, mas mesclava todas essas passagens. As palavras “em Meu nome” derivam de Marcos 16:17 e Lucas 24:47.[11]

3. A Bíblia de Jerusalém – Aqueles que defendem que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado costumam citar uma nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém a respeito dessa passagem. A nota afirma: “É possível que em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar ‘no nome de Jesus’ (cf. At 1,5+, 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.”[12] De acordo com os defensores da teoria que estamos analisando, essa citação afirma que o evangelho de Mateus originalmente não continha as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

Para que essa nota de rodapé seja entendida corretamente, precisamos nos lembrar de que as introduções e notas da Bíblia de Jerusalém foram escritas por estudiosos católicos e protestantes que interpretam as Escrituras por meio do método histórico-crítico. Esse método afirma (1) que os autores da Bíblia não produziram um livro completamente harmônico, mas repleto de contradições históricas e teológicas; (2) que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus (ensinos corretos) mesclada à palavra dos seres humanos (falsos ensinos resultantes da sociedade primitiva); (3) que, antes de serem escritos, os textos bíblicos circulavam de forma oral, e muito de sua exatidão foi perdida; (4) que a Bíblia foi escrita não apenas por profetas, mas pelas comunidades em que eles viviam; (5) que essas comunidades selecionaram, escreveram, corrigiram e acrescentaram textos aos escritos originais dos profetas e apóstolos; e (6) que o leitor da Bíblia não deve aceitar como correta a declaração de um texto bíblico até que ele seja confirmado pela ciência ou pela história. Não podemos aceitar esse método, pois cremos que a Bíblia é a Palavra escrita de Deus e não contém falsos ensinos humanos (Mt 5:17-18; Mc 7:13; Jo 10:35; 2Tm 3:16; 2Pe 1:20-21).[13]

Segundo os adeptos desse método, os evangelhos muitas vezes não apresentam as palavras autênticas de Jesus, mas as adaptam conforme a necessidade e as crenças (corretas ou incorretas) dos cristãos que escreveram cada evangelho. Muitas narrações e milagres foram inventados ou distorcidos com o objetivo de ensinar lições morais a seus leitores. Para esses estudiosos, o evangelho de Mateus terminou de ser escrito depois da morte desse apóstolo. Mateus já havia escrito as partes essenciais do evangelho, mas o texto foi ampliado pelos líderes da igreja local fundada por ele. E, nesse processo, diversas histórias e ensinos falsos acabaram por entrar no evangelho.

A compreensão dos adeptos do método histórico-crítico a respeito de Mateus 28:19 é apresentada, por exemplo, pelo Anchor Bible Dictionary. Esses estudiosos admitem que o evangelho original de Mateus ensina “o batismo no nome da Trindade (28:19), ordenado pelo ressurreto Filho do homem”[14] e “a menção da Trindade na fórmula batismal”.[15] Porém, eles argumentam que essa “não é uma declaração autêntica de Jesus nem mesmo uma elaboração de uma declaração de Jesus sobre o batismo”.[16] Em outras palavras, o evangelho de Mateus afirma que Jesus pronunciou essas palavras, mas, em realidade, isso jamais aconteceu.

Os defensores da teoria argumentam, ainda de acordo com o Anchor Bible Dictionary, que “Mateus 28:19 representa a convicção do evangelista de que sua igreja [comunidade local] praticava o batismo de acordo com a vontade de Jesus e reflete a fórmula batismal ali utilizada”.[17] Ou seja, a igreja local onde foi escrito esse evangelho batizava “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Na tentativa de justificar essa prática, o evangelho afirma, de maneira enganosa, que essa havia sido uma ordem dada por Jesus.

Christopher Stead argumenta que Mateus não estava “relatando palavras autênticas de Jesus; o que, sem dúvida, a passagem deixa claro é que a fórmula triádica [a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”] era, nesses termos, aceita e usada numa influente comunidade cristã algum tempo antes de 100 d.C. (já que, ainda que o Evangelho [de Mateus] fosse datado de um pouco mais tarde, dificilmente o escritor poderia estar introduzindo uma novidade)”.[18] A ideia defendida é a mesma que aparece no Anchor Bible Dictionary.

Aqueles que afirmam que o texto de Mateus 28:19 foi modificado citam vários outros livros, principalmente enciclopédias, que apresentam a mesma teoria que a Bíblia de Jerusalém, o Anchor Bible Dictionary e Christopher Stead. Mas não podemos aceitar o que é dito por essas fontes, pois se baseiam no método histórico-crítico para analisar esse versículo. Além disso, ao contrário do que fizemos no início deste artigo, nenhuma dessas fontes cita qualquer autor antigo para apoiar suas conclusões. Em outras palavras, são meras suposições sem qualquer fundamento histórico.

À luz desses fatos, a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém a respeito de Mateus 28:19 pode ser facilmente compreendida. Citamos novamente o texto em discussão e acrescentamos comentários entre colchetes: “É possível [no método histórico-crítico há poucas certezas e muitas suposições] que em sua forma precisa, essa fórmula [que está no evangelho de Mateus; em momento algum a nota nega esse fato] reflita influência do uso litúrgico [da cerimônia do batismo] posteriormente fixado [a expressão surgiu não quando Jesus a proferiu, mas muito tempo depois] na comunidade primitiva [a igreja local de Mateus]. Sabe-se que o livro dos Atos [escrito antes da destruição do templo, em 70 d.C.] fala em batizar ‘no nome de Jesus’ (At 1,5+, 2,38+). Mais tarde [na igreja de Mateus, no fim do primeiro século] deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.”

De acordo com os adeptos do método histórico-crítico, não é porque Jesus assim havia ordenado que a comunidade de Mateus batizava “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Ao contrário: o evangelho falsamente atribui a Jesus essas palavras porque aquela comunidade já as utilizava. Portanto, de acordo com esses estudiosos, não foi o ensino de Jesus que determinou a prática dos cristãos, mas a prática dos cristãos que determinou o suposto ensino de Jesus.

Não podemos concordar com a nota da Bíblia de Jerusalém sobre Mateus 28:19, pois ela argumenta que Jesus não pronunciou as palavras registradas nesse versículo. Mas a citação não afirma que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” não estavam no texto original do evangelho. Aqueles que defendem a teoria que analisamos distorcem a declaração da Bíblia de Jerusalém.

Conclusão

As evidências mostram, de maneira unânime, que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (1) aparecem em todos os manuscritos gregos do evangelho de Mateus e, portanto, estavam no texto original; (2) sempre foram citadas exatamente dessa maneira pelos antigos escritores cristãos; e (3) não têm sua presença no evangelho de Mateus negada pela Bíblia de Jerusalém ou por fontes semelhantes. Portanto, a teoria de que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado pela Igreja Católica não possui qualquer fundamento.

Aqueles que, contra todas as provas, insistem em rejeitar a autenticidade de Mateus 28:19, deveriam considerar as advertências de Deus contra o desprezo a qualquer parte das Escrituras (Mt 5:17, 18; Mc 7:9-13; Ap 22:19). A respeito daqueles que confiam em Sua Palavra, o Senhor declara: “A este Eu estimo: ao humilde e contrito de espírito, que treme diante da Minha Palavra” (Is 66:2, NVI).



Referências:

[1] Para mais informações sobre a autenticidade de Mateus 28:19, veja as seguintes pesquisas acadêmicas disponíveis na internet: Vander Ferraz Krauss, “A Fórmula Batismal de Acordo com Mateus 28:19” (monografia, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Instituto Adventista de Ensino do Nordeste, 2004); Tim Hegg, “Mateus 28:19: Uma investigação crítica-textual [sic]”; Mark Clarke, “Textual Evidence and the Great Comission”.

[2] Para estudo sobre a história e confiabilidade dos manuscritos do Novo Testamento, ver Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento (São Paulo: Editora Vida, 1998); Bruce M. Metzger e Bart Ehrman, The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration (Nova York: Oxford University Press, 2005).

[3] Ver, por exemplo, Benjamin J. Hubbard, The Matthean Redaction of a Primitive Apostolic Commissioning: An Exegesis of Matthew 28:16-20, Society of Biblical Literature Dissertation Series, v. 19 (Missoula, MT: Scholars’ Press, 1974); J. Schaberg, The Father, the Son and the Holy Spirit: The Triadic Phrase in Matthew 28:19b, Society of Biblical Literature Dissertation Series, v. 61 (Chicago: Scholars’ Press, 1982); Donald A. Hagner, Matthew 14-28, Word Biblical Commentary, v. 33b (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1995), p. 880-881.

[4] Erwin Nestle e Kurt Aland, eds., Greek-English New Testament (Stuttgart: Deutsche Bibelgessellschaft, 1994), p. 87; Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament (Nova York: United Bible Societies, 1994).

[5] G. W. Bromiley, “Baptism”, em International Standard Bible Encyclopedia, ed. Geoffrey W. Bromiley (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1979), v. 1, p. 411.

[6] Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel of Matthew (James Family Reprint, s/d), p. 432.

[7] Hagner, Matthew 14-28, p. xiv.

[8] George Howard, Hebrew Gospel of Matthew (Macon, GA: Mercer University Press, 1995).

[9] Didaquê 7.1-3; Inácio, Aos Filadelfos 9, em The Ante-Nicene Fathers: Translations of the Writings of the Fathers down to A. D. 325 (daqui em diante, ANF), ed. Alexander Roberts e James Donaldson (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1967), v. 1, p. 85; Justino Mártir, Primeira Apologia 61, em ANF, v. 1, p. 183; Taciano, o Sírio, Diatessaron 55; Irineu, Contra Heresias 3.17.1, em ANF, v. 1, p. 444; Tertuliano, Prescrições Contra os Hereges 20, em ANF, p. 3, p. 252; idem, Contra Práxeas 26, em ibid., p. 623; idem, Sobre o Batismo 6, 8, em ibid., p. 672, 676; Hipólito, A Tradição Apostólica 21; Contra a Heresia de um Certo Noeto 14, em ANF, p. 5, p. 228; Orígenes, Comentário de Romanos 5.8; Cipriano, Epístolas 24.2, em ANF, p. 5, p. 302; 62.18, em ibid., p. 363; 72.5, em ibid., p. 380; idem, Tratados, 12.2.26, em ibid., p. 526; idem, Sétimo Concílio de Cartago, em ibid., p. 567, 568, 569; Dionísio de Alexandria, Primeira Carta a Sisto, Bispo de Roma 2; Vitorino de Pettau, Comentário Sobre o Apocalipse do Bendito João, 1.15 em ANF, v. 7, p. 345; Tratado Contra o Herege Novaciano 3, em ANF, p. 5, p. 658; Tratado Sobre o Rebatismo 7, em ANF, p. 5, p. 671. Todas essas referências estão disponíveis no site da Christian Classics Ethereal Library.

[10] Hubbard, The Matthean Redaction of a Primitive Apostolic Commissioning, p. 151-175.

[11] G. R. Beasley-Murray, Baptism in the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1988), p. 82.

[12] Bíblia de Jerusalém (São Paulo: Paulus, 2002), p. 1.758.

[13] O uso do método histórico-crítico pela Bíblia de Jerusalém pode ser visto, por exemplo, nas introduções ao Pentateuco (p. 21-31), a Provérbios (p. 1.020-1.021), a Isaías (p. 1.237-1.239), a Daniel (p. 1.244-1.246) e aos quatro evangelhos (p. 1.690-1.694). Para uma introdução ao método histórico-crítico, ver Augustus Nicodemus Lopes, A Bíblia e Seus Intérpretes: uma breve história da interpretação (São Paulo: Cultura Cristã, 2004), p. 183-195, 241-244. Uma análise crítica desse método pode ser encontrada em Gerhard F. Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: questões básicas no debate atual (São Paulo: Academia Cristã, 2007).

[14] Lars Hartman, “Baptism”, em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), v. 1, p. 584.

[15] Ibid., p. 590.

[16] Ibid., p. 585.

[17] Ibid., p. 590.

[18] Christopher Stead, A Filosofia na Antiguidade Cristã (São Paulo: Paulus, 1999), p. 142.

Adventistas somam 16,6 milhões de membros em todo o mundo





  
Silver Spring, Estados Unidos … [ASN] G. T. Ng, secretário da Igreja Adventista em âmbito mundial, apresentou seu relatório aos delegados do Concílio Anual no domingo, 10 de outubro, destacando a necessidade de aumento de atividade de missões em áreas onde a Igreja tem trabalho reduzido.

Muito desse crescimento vem da América Latina e da África Oriental e Meridional, disseram líderes da Igreja durante o relatório do secretário para o Concílio Anual, uma reunião administrativa da Comissão Executiva denominacional que reúne aproximadamente 300 delegados.

Embora a apresentação reiterasse informações de relatórios do ano anterior, serviu como uma visão expandida das operações da Igreja, incluindo a atividade de missões, e foi a primeira exposição de G. T. Ng como secretário da Igreja Adventista.

Novas análises incluíram uma visão “séria” quanto à mudança de uma “metodologia pró-ativa para uma reativa” em alocação missionária. Ng, um ex-secretário associado que supervisionava o recrutamento para missões em boa parte da Ásia, disse que mais missionários estão servindo em instituições estabelecidas do que no trabalho missionário de “linha de frente”.

Em 2008, a Igreja enviou 755 missionários de tempo integral, cerca de 56 por cento dos quais serviram em instituições. Esse número está acima dos 45 por cento 10 anos atrás, declarou Ng. A Igreja gasta de 21 a 24 milhões de dólares ao ano com salários para missionários de tempo integral, recrutados e processados mediante a sede da administração denominacional.

“Se gastarmos uma boa parcela de nosso orçamento em instituições [missionárias], então estaremos sacrificando nossa necessidade na Janela 10/40″, comentou NG, referindo-se à região mundial da África Ocidental até a Ásia Oriental onde o cristianismo conta com pouca presença.

Número e desafios – A membresia denominacional em muitas regiões do mundo é forte e crescente, declarou Bert Haloviak, diretor do escritório de Arquivos e Estatísticas. Em 30 de junho, havia 16.641.357 adventistas por todo o mundo, informou Haloviak. Isso representa um adventista para cada 414 pessoas sobre o planeta, uma melhora de 10 desde o Concílio Anual do ano passado, ele disse.

Haloviak disse aos delegados que a África tem o maior número de membros entre todos os continentes e que a quantidade de membros na América do Sul é a que está crescendo mais rapidamente. Do número total de membros, a África tem 37 por cento, a América Latina 33 por cento, a Ásia 19 por cento, a América do Norte 7 por centro e a Europa/Oceania tem 4 por cento.

Este é também o sétimo ano consecutivo em que a Igreja tem um ganho líquido de mais de 1 milhão de membros. Haloviak declarou que 1.062.655 pessoas uniram-se à Igreja entre 1o. de julho de 2009 e 30 de junho deste ano. Cerca de 41 por cento desses novos membros estão na América do Sul e África Meridional, 18 por cento na América Central e quase 16 por cento na África Centro-Oriental. Os 21 por cento restantes vivem em outras regiões mundiais. A Europa respondeu por menos de 2 por cento dos novos membros.

Haloviak também relatou sobre as contínuas auditorias de membros na América do Sul, como tem feito em anos anteriores. Mesmo com recentes medidas de auditoria ali e na região da Ásia Meridional-Pacífico, os registros revelam que ambos os campos estão entre as áreas de mais rápido crescimento na denominação.

A Igreja na América do Sul tem conduzido auditorias de membros para cada um dos últimos três anos. A membresia mesmo assim cresceu ali em 218.000 membros no ano passado. Na Ásia Meridional-Pacífico, o crescimento líquido têm coerentemente se mantido acima de 6,5 por cento pelos últimos três anos. A região também têm experimentado perda de 6,5 por cento de membros para cada 100 conquistados, a única das 13 regiões mundiais a ter perda líquida de membros de um dígito.

“Temos a tendência de ir a lugares onde o trabalho é fácil”, ele disse. “Mas quando consideramos a escuridão nos países da Janela 10/40 … temos que tomar nota disso e fazer planos correspondentes”, ele comentou aos delegados. [Equipe ASN, Ansel Oliver]

sábado, 16 de outubro de 2010

Os dias da criação são literais?

Segundo Gerhard F. Hasel, falecido professor de Teologia Bíblica e Antigo Testamento na Andrews University, nos Estados Unidos, a semântica (estudo linguístico dos significados de palavras, frases, cláusulas, etc.) chama atenção para a questão crucial do significado exato da palavra hebraica yom. Poderia a designação “dia” (yom) em Gênesis 1 ter um significado figurativo? Ou deve ela ser entendida, com base nas normas da semântica, como um dia literal de 24 horas? Algumas pessoas, numa tentativa de evitar maiores problemas com o evolucionismo, aplicam a teoria dos dias-eras ao relato de Gênesis 1. Para elas, os seis dias da criação são, na verdade, longos períodos de tempo. Será que isso é possível? Antes de mais nada, é preciso deixar claro que o termo yom em Gênesis 1 não se liga a qualquer preposição; não é usado em uma relação construtiva; e não tem nenhum indicador sintático que seria de esperar para um uso extensivo não literal.

Nas Escrituras, a palavra yom invariavelmente significa um período literal de 24 horas, quando precedida por um numeral, o que ocorre 150 vezes no Antigo Testamento. Obviamente, no relato da criação existe sempre um numeral precedendo aquela palavra – primeiro, segundo, terceiro... sétimo dia – e essa regra para a tradução de yom como um dia literal aplica-se neste caso. O que parece ser significativo também é a ênfase dada à sequência dos numerais 1 a 7, sem qualquer hiato ou interrupção temporal.

Esse esquema de sete dias (seis dias de trabalho seguidos por um sétimo dia de repouso) interliga os dias da criação como dias normais em uma sequência consecutiva e ininterrupta. O relato da criação em Gênesis 1 não somente liga cada dia a um numeral sequencial, como também estabelece as fronteiras do tempo mediante a expressão “tarde e manhã” (versos 5, 8, 13, 19, 31).

A frase rítmica “e houve tarde e manhã” provê uma definição para o “dia” da criação; e, se o “dia” da criação constitui-se de tarde e manhã, é, portanto, literal. O termo hebraico para “tarde” – ‘ereb – abrange toda a parte escura do dia (ver dia/noite em Gênesis 1:14). O termo correspondente, “manhã” (em hebraico boqer), representa a parte clara do dia. “Tarde e manhã” é, portanto, uma expressão temporal que define cada dia da criação como literal. Não pode significar nada mais.

Outro tipo de evidência interna no Antigo Testamento para o significado dos dias resulta de duas passagens sobre o sábado no Pentateuco, que se referem aos dias da criação. Elas informam como os dias da criação foram compreendidos por Deus. A primeira passagem faz parte do quarto mandamento do Decálogo, e está registrada em Êxodo 20:9-11. A ligação com a criação transparece no vocabulário (“sétimo dia”, “céus e terra”, “descansou”, “abençoou”, “santificou”) e no esquema “seis mais um”.

As palavras usadas nos Dez Mandamentos deixam claro que o “dia” da criação é literal, composto por 24 horas, e demonstram que o ciclo semanal é uma ordenança temporal da criação. Aliás, como explicar a origem do ciclo semanal, se não pela criação em seis dias literais seguidos do repouso do sétimo dia? A semana não está vinculada a nenhum movimento ou fenômeno astronômico, como os dias (rotação da Terra), os anos (translação) e os meses. A palavra divina, que promulga a santidade do sábado, toma os seis dias da criação como sequenciais, cronológicos e literais. Dizer o contrário, portanto, é ir contra o Criador.

Por fim, uma última consideração: a criação da vegetação ocorreu no terceiro dia (ver Gênesis 1:11 e 12). Grande parte dessa vegetação parece ter necessitado de insetos para a polinização. Mas os insetos só foram criados no quinto dia (verso 20). Se a sobrevivência desses tipos de plantas, que necessitam de insetos e outros animais para a polinização, dependesse deles para a reprodução, então haveria um sério problema se o “dia” da criação significasse “era”.

Ainda mais: a teoria dos dias-eras exigiria um longo período de iluminação e outro de escuridão para cada uma das supostas épocas. Isso, é claro, seria fatal tanto para as plantas quanto para os animais. Os dias da criação devem ser entendidos como literais e não como representando longos períodos de tempo. Argumentar em contrário é forçar o texto bíblico a dizer o que não diz.

(Adaptado de Folha Criacionista n° 53, setembro de 1995, p. 26-30 – Sociedade Criacionista Brasileira)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ele desceu para nos resgatar






Fiquei emocionado ao assistir à descida do primeiro resgatista que foi se unir ao grupo dos 33 mineiros aprisionados por mais de dois meses a 622 metros sob a terra, numa mina de ouro e cobre no Chile. O homem recebeu um abraço do presidente Sebastián Piñera, entrou na capsula Fênix 2 e começou a descer pelo túnel de 50 cm de diâmetro escavado na rocha. Atitude de muita coragem, não resta dúvida. Depois de 17 minutos de descida, ele se encontrou com o grupo, abraçou cada um e lhes deu orientações quanto ao resgate. O primeiro a subir na capsula foi o mineiro Florêncio Ávalos. A chegada dele à superfície também foi marcada por muita emoção, especialmente por parte da esposa Mónica e do filho Byron, ali presentes. O resgate dos demais mineiros prosseguiu por várias horas.

Essas cenas me fizeram pensar na missão do Filho de Deus, que também desceu ao abismo deste mundo de pecado para resgatar os perdidos. Quando chegou aqui, abraçou os seres humanos e lhes deu a esperança de que o “soterramento” não é definitivo. Um “túnel” foi aberto entre o Céu e a Terra e o Mestre Jesus nos deu instruções suficientes para subir em segurança. Mais do que isso: com 33 anos de idade, Ele mesmo entregou a vida para salvar a nossa.

À semelhança do resgatista chileno, Jesus desceu a este mundo para nos dar esperança e direção. Um pastor adventista enviou 33 Bíblias de presente aos mineiros. Deus tomou providências para que Sua Palavra fosse espalhada pelo planeta. Resta ao ser humano aproveitar o tempo que ainda tem neste mundo, estudar as instruções divinas e se preparar para ser “içado” ao Céu. O caminho já foi aberto. A “cápsula” de resgate está à disposição. Permanecer no buraco é, no mínimo, insanidade.

Quando saiu da cápsula, Ávalos recebeu um abraço do presidente de seu país, tudo captado pelas câmeras dos meios de comunicação e pelos olhos atentos de mais de mil jornalistas. Quando chegarmos ao Céu, receberemos um abraço do Senhor do Universo, sob os olhos atentos e emocionados de uma multidão de testemunhas que hoje acompanham nosso drama, um triste "espetáculo ao universo" (1Co 4:9).

Que venha logo a conclusão do nosso resgate deste deserto de lágrimas!

Rodrigo Nascimento

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Defendendo os Dez Mandamentos

O que você acha dos Dez Mandamentos? Obviamente, você já ouviu falar deles, pois quem não ouviu? Mas minha pergunta é (usando as palavras do comentador da Fox News Bill O’Reilly),
O que você diria?
Pregadores populares estão enviando mensagens contraditórias. Alguns proclamam dos púlpitos, “A sociedade está afundando no pecado e deve retornar à lei de Deus!”. No entanto, muitos destes mesmos pastores, quando pressionados sobre o seu dever pessoal de obedecer aos Dez Mandamentos, rapidamente retrucam: “Nós não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça. Os Dez Mandamentos foram escritos para os judeus, não cristãos!”
Qual é a verdade?
Para começar, vamos voltar 3400 anos. Israel tinha acabado de ser resgatado da escravidão do Egito e estava acampado na base do Monte Sinai. Olhando para cima, mais de um milhão de olhos israelitas viram “trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta … Todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente” (Ex. 19:16-18).
Se estivéssemos no sopé do Monte Sinai naquele dia terrível, estaríamos agitados e trêmulos como todos os outros. Por que fogos de artifício? Por que as manifestações esmagadoras do poder divino? Por que trovão, relâmpago, trompete, fumaça e terremoto? A razão é simples. Tinha chegado o grande dia para o Deus Todo-Poderoso proclamar os Dez Mandamentos (ler Êxodo 20:1-17).
1. Nem as palavras “judeu” ou “Israel” são encontradas em qualquer lugar nos Dez Mandamentos.
2. O segundo mandamento afirma que a obediência a essa lei se aplica à “milhares” de gerações (Êxodo 20:5,6).
3. Os Dez Mandamentos são únicos acima de qualquer outra lei bíblica, comando, demanda ou ritual, porque só eles foram “escritos pelo dedo de Deus” (Ex. 31:18).
4. Deus escreveu os Dez Mandamentos em pedra sólida (ver Ex. 31:18), o que significa que eles são permanentes e são aplicáveis a todas as gerações, inclusive a nossa.
E o Novo Testamento? Será que apresentam os Dez Mandamentos como estando ainda em vigor hoje, ou não? O que diz o Senhor? Aqui está a resposta:
Paulo escreveu: “eu não teria conhecido o pecado senão pela lei Porque eu não teria conhecido a cobiça se a lei não dissesse: ‘Não cobiçarás” (Romanos 7:7). Paulo estava citando o décimo mandamento.
Mais uma vez, Paulo escreveu: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Efésios 6:1-3). Paulo estava citando o quinto mandamento.
Tiago escreveu: “Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade”(Tiago 2:11-12). Tiago estava citando o sexto e sétimo mandamentos.
Jesus Cristo ensinou: “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério” ( Lucas 16:17-18). Jesus estava citando o sétimo mandamento, e ele afirmou que “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei”.
Com base nestes versos simples da Bíblia, esta mensagem é clara: os Dez Mandamentos continuam a existir, mesmo nos tempos do Novo Testamento.
Espere um minuto! você pode estar pensando. E todos os textos do Novo Testamento sobre não sermos salvos pela lei? Boa pergunta. É certamente verdade que Paulo é igualmente claro que os cristãos não são “justificados pela lei” (Gálatas 5:4), ou salvos pelas “obras da lei” (Romanos 3:28), ou “sob a lei” (Romanos 6 : 14) e que “Cristo é o fim da lei para justiça de todo aquele que crê” (Romanos 10:4). De facto, estes versos são verdadeiros também, e eu acredito neles. A questão é: como é que encaixamos os textos pró-lei e os textos não-salvos-pela-lei, conjuntamente?
Existe uma maneira bíblica. Aqui está:
Os Dez Mandamentos não foram dados pelo Deus Todo-Poderoso para salvar ou justificar qualquer pecador, mas sim para mostrar aos pecadores seus pecados e sua necessidade de um Salvador. O mesmo versículo no livro de Romanos que diz: “pelas obras da lei nenhuma carne será justificada diante dele”, diz ainda, “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20). Você vê isso? Quando olhamos para os Dez Mandamentos descobrimos os nossos pecados e nossa necessidade de Jesus Cristo.
Quando nos “arrependemos” (Lucas 13:3) de nossos pecados e temos “fé” (Atos 20:21) em Jesus Cristo, Ele vai “perdoar” (1 João 1:9) e dar a nossos corações “o dom do Espírito Santo “(Atos 2:38). Então, como crentes gratos, arrependidos, perdoados, nascidos de novo, e salvos pela graça, devemos, então, guardar a lei que havíamos quebrado porque amamos a Jesus (João 14:15). Afinal, foram os nossos muitos pecados de quebrar a lei que causaram a morte de Jesus em primeiro lugar (compare com 1 João 3:4 com 1 Coríntios. 15:3). Deveríamos, então, optar por continuar com eles?
A resposta de Paulo é: “Deus me livre!” (Romanos 6:15).
O livro do Apocalipse prediz que Deus terá um povo final logo antes da Segunda Vinda de Jesus Cristo que, sendo totalmente salvos pela graça, guardam os Dez Mandamentos, em meio a um mundo enlouquecido. Observe com atenção:
“E o dragão ficou furioso com a mulher, e ele foi fazer guerra ao resto de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 12:17).
“Aqui está a paciência dos santos, aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus … Então olhei, e eis uma nuvem branca, e sobre a nuvem um semelhante ao Filho do Homem, tendo em Sua cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada” (Apocalipse 14:12).
Em 13 de outubro de 2010, mais de um bilhão de pessoas perderam o fôlego diante de seus televisores, enquanto 33 mineiros chilenos que haviam estado presos por 69 dias sob 2.000 metros de rocha foram finalmente retirados das trevas para a luz e abraços de seus familiares. Seu resgate acabou com “o mais longo aprisionamento subterrâneo na história humana. “
Caro leitor, não fique preso por idéias obscuras sobre os Dez Mandamentos. A Santa Lei de Deus ainda existe, assim como ele originalmente a escreveu sobre a rocha sólida há quase 3400 anos atrás. Jesus Cristo é nossa Luz (João 8:12), e Ele ensinou claramente: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15).
Quem defenderá os Dez Mandamentos hoje?

Artigo escrito por Steve Wohlberg publicado no site White Horse Media. Crédito da Tradução: Blog Sétimo Dia http://setimodia.wordpress.com/

No Princípio: Como Interpretar Gênesis 1


"No princípio criou Deus os céus e a Terra."—Gênesis 1:1.
Com tal beleza, majestade e simplicidade começa o relato da Criação em Gênesis. Porém, uma análise do capitulo l de Gênesis não é tão simples e direta como uma leitura casual do texto bíblico poderia sugerir. A interpretação moderna da cosmogonia (estudo das origens) bíblica em Gênesis l é extremamente complicada, dividida entre uma interpretação não-literal e a literal. Vamos brevemente descrever sete destas interpretações e avaliar cada uma à luz dos dados bíblicos.
Interpretações principais de Gênesis 1
Interpretações não-literais
Estudiosos que apoiam uma interpretação não-literal de Gênesis abordam a questão de diferentes modos. Alguns consideram Gênesis l como mitologia'; outros consideram-no poesia2; alguns tomam-no como teologia3; ainda outros o consideram como simbolismo.4
Comum a todas estas interpretações não-literais é a suposição de que o relato em Gênesis não é um relato literal e histórico da Criação.
Interpretações literais
Aqueles que aceitam literalmente o relato da Criação também diferem em sua abordagem da cosmogonia bíblica de Gênesis l. Vamos indicar três pontos de vista.
Teoria de um intervalo ativo. Esta opinião é também conhecida como a teoria de ruína-restauração. Segundo esta opinião,5 Gênesis 1:1 descreve uma criação originalmente perfeita a um tempo desconhecido (milhões ou bilhões de anos atrás). Satanás era o regente deste mundo, mas por causa de sua rebelião (Isaías 14:12-17), o pecado entrou no Universo. Deus condenou a rebelião e reduziu o mundo ao estado arruinado e caótico descrito em Gênesis 1:2. Os que mantêm esta opinião traduzem Gênesis 1:2 como "a terra tornou-se sem forma e vazia".
Gênesis 1:3 e os versos seguintes apresentam então o relato de uma criação posterior na qual Deus restaura o que tinha sido arruinado. A coluna geológica é usualmente inserida no período da primeira criação (Gênesis l: l) e o caos subsequente, e não em conexão com o Dilúvio bíblico.
Teoria de uma criação prévia "sem forma e vazia". Segundo esta interpretação os termos hebraicos tohu ("sem forma") e bohu ("vazia") em Gênesis 1:2 descrê vem o estado sem forma e sem conteúdo da Terra. O texto se refere a um estado anterior à Criação mencionada na Bíblia. Esta opinião tem duas variantes principais baseadas em duas análises gramaticais diferentes.
A primeira variante considera Gênesis 1:1 como uma cláusula dependente, em paralelo com os relatos da Criação extra-bíblicos do Oriente Próximo.6 Daí a tradução proposta: "Quando Deus começou a criar os céus e a Terra. Portanto, Gênesis 1:2 equivale a um parêntesis, que descreve o estado da Terra quando Deus começou a criar ("a Terra estando...") e Gênesis 1:3 em diante descreve a obra criadora efetiva ("E Deus disse...").
As outras variantes principais consideram Gênesis 1:1 como uma cláusula independente, e como um sumário ou introdução formal ou título que é então ampliado no resto da narrativa.7 Gênesis 1:2 é visto como uma cláusula circunstancial ligada com o verso 3:"A Terra, porém, era sem forma e vazia.... Disse Deus: 'Haja luz'."
Deste ponto de vista, apoiado por qualquer das análises gramaticais mencionadas acima. Gênesis não oferece um começo absoluto de tempo para o cosmos. Criação a partir do nada não é implicada, e não há indicação da existência de Deus antes da matéria. Nada é dito da criação da matéria original descrita no verso 2. Trevas, abismo e águas de Gênesis 1:2 já existiam no começo da atividade criadora de Deus.
Podíamos mencionar de passagem uma outra opinião pré-Criação; esta toma o verso 2 como uma cláusula dependente "quando...", mas difere da primeira variante na interpretação dos termos tohu e bohu, e os termos para "trevas" e "abismo" — todos significando "nada". Assim o verso l é visto como um sumário; o verso 2 diz que inicialmente não havia "nada"; e o verso 3 descreve o começo do processo criador.8
Teoria de um estado inicial "sem forma e vazio". Uma terceira interpretação literal da cosmogonia bíblica é a de um estado inicialmente "sem forma e vazio". Esta é a opinião tradicional, tendo o apoio da maioria dos intérpretes judeus e cristãos através da história.9 Segundo esta interpretação. Gênesis 1:1 declara que Deus criou do nada a matéria original chamada céus e Terra no ponto de seu começo absoluto. O verso 2 esclarece que quando a Terra foi primeiro criada ela estava num estado de tohu e bohu — sem forma e vazia. O verso 3 e os versos seguintes então descrevem o processo divino de dar forma ao informe e de encher o vazio.
Esta interpretação tem duas variantes. Alguns consideram os versos l e 2 como partes do primeiro dia de uma semana de sete dias. Podemos chamá-la a interpretação "sem intervalo".10 Outros vêem os versos l e 2 como uma unidade cronológica separada por um intervalo de tempo do primeiro dia da Criação descrito no verso 3. Esta opinião é usualmente chamada a do "intervalo passivo.""
Avaliação
O espaço não permite uma avaliação pormenorizada de todos os prós e centras de cada opinião aqui resumida, mas apresentaremos o esboço dos dados bíblicos que se referem às teorias sobre a origem da matéria e da vida e sua existência primitiva.
Interpretações não-literais
Ao considerar todas as interpretações não-literais e não-históricas, precisamos levar em conta dois fatos bíblicos significativos:
1. O género literário de Gênesis 1-11 indica a natureza intencionalmente literal da narrativa.12 O livro de Gênesis é estruturado pelo termo gerações (hebraico toledoth) em relação com cada seção do livro (13 vezes). Este é um termo usado alhures em conexão com genealogias que têm que ver com um relato exato de tempo e história. O uso de toledoth em Gênesis 2:4 mostra que o autor pretendia que a narrativa da Criação fosse tão literal como o resto das narrativas de Gênesis.'3 Outros escritores bíblicos tomam Gênesis 1-11 como literal. Com efeito, todos os escritores do Novo Testamento se referem a Gênesis 1-11 como história literal.'4
2. Evidência interna também indica que o relato da Criação não deve ser tomado simbolicamente como sete longos períodos segundo o modelo evolucionista — como é sugerido tanto por eruditos críticos como evangélicos. Os termos tarde e manhã significam um dia literal de 24 horas. Alhures nas Escrituras, o termo dia com um número ordinal é sempre literal. Se os dias da Criação são simbólicos. Êxodo 20:8-11 que comemora um Sábado literal não tem sentido. Referências à função do Sol e da Lua para sinais, estações, dias e anos (Gênesis l: 14), também indicam tempo literal e não simbólico. Portanto, devemos concluir que Gênesis l: l a 2:4a indica sete dias literais, consecutivos, de 24 horas.'5
Embora as interpretações não-literais devam ser rejeitadas no que negam (a saber, a natureza literal e histórica do relato de Gênesis), não obstante possuem um elemento de verdade no que afirmam. Gênesis 1-2 têm que ver com mitologia — não para afirmar uma interpretação mitológica, mas como polémica contra a antiga mitologia do Oriente Próximo.16 Gênesis 1:1 a 2:4 provavelmente são estruturados de um modo semelhante à poesia hebraica (paralelismo sintético),17 mas poesia não nega historicidade (ver, por exemplo. Êxodo 15, Daniel 7 e aproximadamente 40 por cento do Antigo Testamento, que são em poesia.) Escritores bíblicos frequentemente escrevem em poesia para afirmar historicidade.
Gênesis 1-2 apresentam uma teologia profunda: doutrinas de Deus, Criação, humanidade. Sábado, etc. Mas nas Escrituras, teologia não se opõe à história. Com efeito, a teologia bíblica tem sua raiz na história. De igual modo há um simbolismo profundo em Gênesis l. Por exemplo, a linguagem do Jardim do Éden e a ocupação de Adão e Eva claramente aludem ao simbolismo do santuário e ao trabalho dos levitas (ver Êxodo 25-40)." Assim o santuário do Éden é um símbolo ou tipo do santuário celestial. Mas porque aponta para algo diferente não diminui sua realidade literal.
Gerhard von Rad, um erudito crítico que não aceita o que Gênesis l afirma, ainda assim confessa honestamente: "O que é dito aqui [Gênesis l] é para ser tomado inteiramente e exatamente como está."19
Portanto, nós afirmamos a natureza literal e histórica do relato de Gênesis. Mas qual interpretação literal é correia?
Interpretações literais
Primeiro, precisamos de início rejeitar a teoria de ruína-restauraçao ou "intervalo ativo" puramente por razões de gramática. Gênesis 1:2 claramente encerra três cláusulas nominais e o sentido fundamen-tal de cláusulas nominais em hebraico é algo fixo, um estado,20 não uma sequência ou ação. Segundo as regras da gramática hebraica, precisamos traduzir "a Terra era sem forma e vazia", e não "a Terra tornou-se sem forma e vazia". Assim a gramática hebraica não deixa lugar para a teoria de um intervalo ativo.
Que dizer da interpretação de uma criação prévia "sem forma e vazia" na qual o estado de tohu-bohu de Gênesis l :2 precede a criação divina? Alguns apoiam essa teoria traduzindo o verso l como uma cláusula dependente. Mas a melhor evidência favorece a leitura tradicional de Gênesis 1:1 como uma cláusula independente: "No princípio criou Deus os céus e a Terra." Isto inclui a evidência dos acentos no hebraico, todas as antigas versões, considerações léxico-gramaticais, sintáücas e estilísticas, e comparação com antigas lendas do Oriente Próximo.21 O peso da evidência me leva a reter a leitura tradicional.
Outros suportam a teoria de uma criação prévia "sem forma e vazia" interpretando Gênesis 1:1 como um sumário do capítulo todo (o ato da criação só começando no verso 3). Mas se Gênesis l começa apenas com um título ou sumário, então o verso 2 contradiz o verso 1. Deus cria a Terra (verso l), mas a Terra existe antes da Criação (verso 2). Esta interpretação não pode explicar a referência à existência da Terra já no verso 2. Rompe a continuidade entre os versos l e 2 no uso do termo terra.12 Concluo, portanto, que Gênesis 1:1 não é simplesmente um sumário ou título do capítulo todo.
Contra a sugestão de que todas as palavras em Gênesis 1:2 simplesmente implicam "nada", deve ser dito que o verso 3 e os versos seguintes não descrevem a criação da água, mas assume sua existência prévia. O termo tehom — "abismo" — combinado com tohu e bohu (como em Jeremias 4:34) não parecem referir-se ao nada, mas à Terra num estado sem forma e vazia coberta de água.
Isto nos leva à teoria de um estado inicialmente sem forma e vazio. A sequência do pensamento em Gênesis 1:1-3 tem levado a maioria dos intérpretes cristãos e judeus a esta opinião, que por conseguinte é chamada a opinião tradicional.
A sequência natural de Gênesis 1-2
Concordo com esta opinião, porque acho que só esta interpretação obedece à sequência natural destes versos, sem contradição ou omissão de qualquer elemento no texto.
A sequência do pensamento em Gênesis 1-2 é como segue:
a. Deus antecede a criação (verso l).
b. Há um princípio absoluto do tempo com relação a este mundo e às esferas celestes que o cercam (verso l).
c. Deus cria os céus e a Terra (verso l), mas para começar eles são diferentes do que agora, são "sem forma" e "vazios" (tohu e bohu; verso 2). d. No primeiro dia da semana de sete dias da Criação, Deus começa a formar e a encher o tohu e bohu (verso 3 e os versos seguintes).
e. A atividade divina de "formar e criar" é efetuada em seis dias sucessivos de 24 horas cada.
f. No final da semana da Criação, os céus e a Terra estão terminados (Gênesis 2: l). O que Deus começou no verso l está agora finalizado.
g. Deus descansa no sétimo dia, abençoando-o e santificando-o como um memorial da Criação (2:1-4).
A ambiguidade do quando
Os pontos acima estão claros na sequência do pensamento de Gênesis 1-2. Não obstante, há um aspecto crucial neste processo da Criação que o texto deixa aberto e ambíguo: Quando ocorreu o princípio absoluto dos céus e da Terra no verso l? Foi no começo dos sete dias da Criação ou algum tempo antes? É possível que a matéria bruta dos céus e da Terra em seu estado informe fosse criada muito tempo antes dos sete dias da semana da Criação. Esta é a teoria do "intervalo passivo". Também é possível que a matéria bruta descrita em Gênesis 1:1-2 esteja incluída no primeiro dia da semana da Criação. Esta se chama a teoria do "não intervalo".
Esta ambiguidade no texto hebraico tem implicações na interpretação do Pré-cambriano da coluna geológica, se a gente equaciona o Pré-cambriano com a "matéria bruta" descrita em Gênesis 1:1-2 (naturalmente esta equação está sujeita a debate). Há a possibilidade de um Pré-cambriano recente, criado como parte da semana da Criação (talvez com a aparência de idade alta). Há também a possibilidade de que a "matéria bruta" fosse criada no princípio absoluto da Terra e das esferas celestes circundantes, talvez milhões ou bilhões de anos atrás. Este estado inicial informe e vazio é descrito no verso 2. O verso 3 e os versos seguintes então descrevem o processo de formar e encher durante a semana da Criação.
Concluo que o texto bíblico de Gênesis l deixa margem tanto para (a) um Pré-cambriano recente (criado como parte dos sete dias da criação) ou (b) rochas muito mais antigas e sem fósseis, com um longo intervalo entre a criação da "matéria bruta" descrita em Gênesis 1:1-2 e os sete dias da semana da Criação descrita no verso 3 e nos versos seguintes. Mas tanto num caso como no outro, o texto bíblico requer uma cronologia breve para a vida na Terra. Não há margem para um intervalo de tempo na criação da vida na Terra: ela surgiu do terceiro ao sexto dias literais e consecutivos da semana da Criação.
Richard M. Davidson (Ph.D., Andrews University) é o catedrático do Departamento do Antigo Testamento do Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, Berrien Springs, Michigan, E. U. A. Ele é autor de diversos artigos e livros, incluindo Typology in Scripture (Andrews University Press, 1981), Love Song for the Sabbath (Review and Herald, 1987), e In the Footsteps of Joshua (Review and Herald, 1995).
Notas e Referências
  1. Ver Hermann Gunkel, Schopfung und Chãos (Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1895); B. S. Childs, Myth and Reality in the Old Testament, Studies in Biblical Theology, 27 (London: SCM Press, 1962), págs. 31-50.
  2. Ver D. F. Payne, Genesis One Reconsidered (London: Tyndale, 1964); Henri Blocher, In the Beginning: The Opening Chapters of Genesis (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity Press, 1984), págs. 49-59.
  3. Ver Conrad Hyers, The Meaning of Creation: Genesis and Modern Science (Atlanta: John Knox, 1984); Davis Young, Creation and the Flood: An Alternative to Flood Geology and Theistic Evolution (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1974), págs. 86-89.
  4. Ver Derek Kidner, Genesis: An Introduction and Commentary, Tyndale Old Testament Commentaries (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity Press, 1967), págs. 54-58; P. l. Wiseman, Creation Revealed in Six Days (London: Marshall, Morgan, e Scott, 1948), págs. 33-34.; Robert C. Newman e Herman I. Eckelmann, Jr., Genesis One and the Origin of the Earth (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity Press, 1977), págs. 64-65.
  5. Ver Arthur Custancc, Without Form and Void (Brockville, Canada: pelo autor, 1970); e a Scofield Reference Bible (1917, 1967).
  6. Ver as seguintes traduções modernas de Gênesis 1:1-3: The New Jewish Version (N J V), New American Bible (NAB) católica, New English Bible; ver também E. A. Speiser, Anchor Bible: Genesis (Garden City, N.Y.: Doubleday, 1964), págs. 3, 8-13.
  7. Ver Gerhard von Rad, Genesis: A Commentary, Biblioteca do Antigo Testamento (Philadelphia: Westminster, 1972), pág. 49; Bruce Waltke, "The Creation Account in Genesis 1:1-3; Parte III: The Initial Chaos Theory and the Precreation Chaos Theory", Bibliotheca Sacra 132 (1975),págs. 225-228.
  8. Ver Jacques Doukhan, The Genesis Creation Story: Its Literary Structure, Série de Teses Doutorais apresentadas no Seminário da Andrews University, 5 (Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1978), págs. 63-73.
  9. Uma lista dos principais aderentes e uma defesa detalhada desta posição se encontra em Gerhard Hasel, "Recent Translations of Genesis 1:1", The Bible Translator, 22 (1971). págs. 154-167; e Idem, "The Meaning of Genesis 1:1", Ministry (Janeiro de 1976), págs. 21-24.
10. Ver Henry Morris, The Biblical Basis for Modern Science (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1984); e Idem, The Genesis Record (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1976), págs. 17-104.
11. Ver Harold G. Coffin, Origin by Design (Hagerstown, Md.: Review and Herald, 1983), págs. 292-293, que concorda com esta possibilidade. Além disto, Clyde L. Webster, Jr., "Gênesis e Cronologia: O Que a Datação Radiométrica nos Informa", Diálogo 5:1 (1993), págs. 5-8.
12. Ver Walter Kaiser, "The Literary Form of Genesis 1-11", em The New Perspectives on the New Testament, l. Barton Payne, ed. (Waco, Texas: Word, 1970), págs. 48-65.
13. Doukhan, págs. 167-220.
14. Ver Mateus 19:4-5; 24:37-39; Marcos 10:6; Lucas 3:38; 17:26-27; Romanos 5:12; I Coríntios6:16; 11:8-9, 12; 15:21-22, 45; II Coríntios 11:3; Efésios 5:31; I Timóteo 2:13-14; Hebreus 11:7; I Pedro 3:20; II Pedro 2:5; 3:4-6; Tiago 3:9; I João 3:12; Judas 11, 14; Apocalipse 14:7.
15. Para mais evidência ver Terrance Fretheim, "Were the Days of Creation Twenty-Four Hours Long? YES", em The Genesis Debate: The Persistent Questions About Creation and the Flood, Ronald F. Youngblood, ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1990), págs. 12-35.
16. Ver Gerhard Hasel, "The Polemic Nature of the Genesis Cosmology," The Evangelical Quarterly 46 (1974), págs. 81-102; Idem, "The Significance of the Cosmology in Genesis l in Relation to Ancient Near Eastern Parallels", Andrews University Seminary Studies, 10 (1972), págs. 1-20.
17. Ver Gordon J. Wenham, Word Biblical Commentary: Gen 1-15 (Waco, Texas: Word, 1987), págs. 6-7, para um diagrama da combinação simétrica dos dias da Criação.
18. Ver Gordon J. Wenham, "Sanctuary Symbolism in the Garden of Eden Story", Proceedings of the World Congress of Jewish Studies. 9 (1986), págs. 19-25.
19. Von Rad, pág. 47.
20. Ver Gesenius' Hebrew Grammar, E. Kautzsch e A. E. Cowley, eds. (Oxford; Clarendon Press, 1910, 1974), pág. 454 (par. 141 i); R. L. Reymond, "Does Genesis 1:1-3 Teach Creation Out of Nothing?" Scientific Studies in Special Creation, W. E. Lammerts, ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1971), págs. 14-17.
21. Ver Hasel, "Recent Translations" e "The Meaning of Genesis 1:1".
22. Gesenius' Hebrew Grammar, pág. 455 (par. 142 c), que identifica o verso 2 como uma cláusula circunstancial contemporânea com a cláusula principal do verso l (não do verso 3).